2013-08-16 13:59:51

Semana Nacional da Família


Rio de Janeiro (RV) - A Igreja Católica no Brasil celebra a sua Semana Nacional da Família, iniciativa feliz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, animada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família. A cada ano, a Semana da Família começa com a comemoração do Dia dos Pais, no segundo domingo de agosto, estendendo-se por toda a semana, quando somos convidados a refletir sobre um tema. Desta vez foi proposto: “Transmissão e Educação da Fé Cristã na Família”.

O Papa Francisco, em sua especial mensagem para esta semana, relembrando a sua visita pastoral à nossa amada cidade do Rio de Janeiro, em virtude da 28ª Jornada Mundial da Juventude, assinala que: "Guardando vivas no coração as alegrias que me foram proporcionadas durante a recente visita ao Brasil, me sinto feliz em saudá-los por ocasião da Semana Nacional da Família, cujo tema é “A transmissão e a educação da fé cristã na família”, encorajando os pais nessa nobre e exigente missão que possuem de ser os primeiros colaboradores de Deus na orientação fundamental da existência e a segurança de um bom futuro. Para isso, “é importante que os pais cultivem as práticas comuns de fé na família, que acompanhem o amadurecimento de fé dos filhos” (Carta Enc. Lúmem Fidei, 53)".

O Sumo Pontífice também reafirmou o compromisso da defesa da vida desde a concepção, ao afirmar em sua mensagem pontifícia que: "De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana, os pais são chamados a transmitir aos seus filhos a consciência de que esta deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade, mas também na atenção aos mais velhos, especialmente aos avós, que são a memória viva de um povo e transmissores da sabedoria da vida".

O Papa Emérito Bento XVI, falando à Diocese de Roma, disse sobre os pais e filhos, oportunamente que: "Também na procriação dos filhos o matrimônio reflete seu modelo divino, o amor de Deus pelo homem. No homem e na mulher, a paternidade e a maternidade, como sucede com o corpo e com o amor, não se circunscrevem ao aspecto biológico: a vida só se dá totalmente quando com o nascimento se oferecem também o amor e o sentido que fazem possível dizer “sim” a esta vida. Precisamente por isso, fica claro até que ponto é contrário ao amor humano, à vocação profunda do homem e da mulher, o fechar sistematicamente a própria união ao dom da vida e, ainda mais, suprimir ou manipular a vida que nasce".

A família cristã, Igreja doméstica, participa da importante missão de transmissão e educação da fé aos seus filhos e netos. A família tem como primeiros e principais destinatários desse anúncio missionário os seus filhos e familiares. Tivemos muitos exemplos de santos casais que transmitiram a fé aos filhos e filhas que, por sua vez, também se santificaram. O principal apostolado missionário dos pais deve realizar-se em sua própria família, pois seria uma desordem e um contratestemunho pretender evangelizar a outros, descuidando da evangelização dos nossos familiares. Os pais transmitem a fé aos seus filhos com o testemunho de sua vida cristã e com sua palavra. O núcleo central dessa educação na fé é o anúncio gozoso e vibrante de Cristo, morto e ressuscitado por nossos pecados. Em íntima conexão com este núcleo se encontram as outras verdades contidas no Credo dos Apóstolos, nos Sacramentos e nos Mandamentos do decálogo. As virtudes humanas e cristãs fazem parte da educação integral da fé.

A família tem hoje a inevitável tarefa de transmitir aos seus filhos a verdade sobre o homem. Em nossos dias é de capital importância conhecer e compreender a primeira página do Gênesis: existe um Deus pessoal e bom, que criou o homem e a mulher com igual dignidade, mas diferentes e complementares entre si, e deu-lhes a missão de gerar filhos mediante a união indissolúvel de ambos em “una caro”, ou seja, uma só carne (matrimônio). Os textos bíblicos narram a criação do homem, evidenciando que o casal homem-mulher é – segundo o desígnio de Deus – a primeira expressão da comunhão de pessoas, pois Eva é criada semelhante a Adão como aquela que, em sua alteridade, o completa (cf. Gn 2, 18) para formar com ele uma só carne (cf. Gn 2, 24). Ao mesmo tempo, ambos têm a missão procriadora que os faz colaboradores do Criador (cf. Gn 1, 28). Esta verdade sobre o homem e sobre o matrimônio tem sido conhecida também pela reta razão humana.

A família é a melhor escola para criar duradouras relações comunitárias e fraternas, frente às atuais tendências individualistas. Por isso, o amor – que é a alma da família em todas as suas dimensões – só é possível se houver entrega sincera de si mesmo aos outros. Amar significa dar e receber o que não se pode comprar nem vender, mas só presentear livre e reciprocamente. Graças ao amor, cada membro da família é reconhecido, aceito e respeitado em sua dignidade. Do amor nascem relações vividas como entrega gratuita, e surgem relações desinteressadas e de solidariedade profunda. Como a experiência o demonstra, a família constrói a cada dia uma rede de relações interpessoais e prepara para viver em sociedade em um clima de respeito, justiça e verdadeiro diálogo. A família ajuda a descobrir o valor social dos bens que se possuem. Uma mesa, na qual todos compartilham os mesmos alimentos, adaptados à saúde e à idade dos membros, é um exemplo simples, mas muito eficaz, para se descobrir o sentido social dos bens criados. A criança vai incorporando, assim, critérios e atitudes que a ajudarão mais adiante nessa outra família mais ampla, que é a sociedade.

A família tem um papel fundamental a desempenhar, já que é a unidade básica da sociedade e da Igreja. Nesse momento de mudança de época, urge uma atenção especial que tem de ser dada no presente momento aos bens religiosos, morais e sociais de fidelidade, igualdade e respeito mútuo entre marido e esposa, na defesa da família e na transmissão da fé.

Que nossas famílias transmitam os verdadeiros valores do Evangelho de Jesus e vivam a permanente vivência da Palavra de Deus pelos sacramentos e pelas ações sacramentais. Abençoa, Senhor, as nossas famílias!

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ









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