2013-08-13 18:53:25

Diretor da AIF destaca compromisso com a transparência: "estamos no caminho certo"


Cidade do Vaticano (RV) – Há poucos dias da publicação do Motu Proprio do Papa Francisco sobre combate à lavagem de dinheiro, o Diretor da Autoridade de Informação Financeira da Santa Sé (AIF), René Brülhart, destaca o grande empenho pela transparência que se está levando a cabo no Vaticano. Falando à Rádio Vaticano, Brülhart detém-se, sobretudo, no significado concreto do Motu Proprio.

R: “Na realidade, não mudou nada. Eu diria que se tratou de uma integração, no sentido que a lista das tarefas da AIF foi ampliada com a assim chamada ‘vigilância prudencial’. Em outras palavras: atualmente a AIF tem a tarefa de identificar casos de lavagem de dinheiro e, por conseqüência, no momento atual, tem uma tarefa de supervisão. Esta tarefa de supervisão foi estendida”.

RV: Ou seja, esta medida vai na direção da uma supervisão dos bancos em termos gerais, como o BAFIN, na Alemanha?

R: “Exato. O que temos agora com o Motu Proprio e com suas conseqüências, é uma função de supervisão global atribuída à AIF”.

RV: O que controlar? Quem controlar? O ‘banco vaticano’, isto é, o Instituto para as Obras de Religião e outras situações?

R: “Que o IOR seja verdadeiramente um banco depende da opinião: aos meus olhos não o é; é antes de tudo um instituto financeiro ‘sui generis’ a serviço da Santa Sé. A AIF controla todas as atividades financeiras realizadas pelas diversas instituições dentro do Vaticano”.

RV: E quais são elas, além do IOR?

R: “Obviamente, em primeira linha está o IOR; após se levarmos em consideração o relatório Monevval de 2012, é mencionada, entre outros, a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA), e também ali estamos fazendo averiguações. Veremos depois onde são desenvolvidas outras atividades financeiras e daremos os passos necessários”.

RV: “O senhor falou da Comissão Monevval, de quem veio, em última análise, a recomendação em relação à extensão da supervisão sobre os bancos. Tudo isto, então, é na realidade um processo e serão dados passos sucessivos. Em qual direção se desenvolverá tudo isto, no Vaticano?

R: “Acredito que a este ponto seja interessante voltar um pouco atrás. Na realidade tudo teve início com o Motu Proprio de Bento XVI, entre o final de 2010 e início de 2011, quando foram tomadas as primeiras medidas: falamos, então, de um espaço de tempo relativamente curto durante o qual foi possível dar – sobretudo nos últimos meses – passos muito concretos. Com o novo Motu Proprio, foi colocada em prática uma recomendação muito importante do Monevval – ao menos foram fixadas as bases para se colocar em prática tais recomendações. Agora deve-se pensar quanto à atuação: fixar as bases legais está feito, mas devemos agora produzir fatos concretos. Colocar tudo em prática é uma outra história”.

RV: Quantas pessoas estão trabalhando para a AIF atualmente?

R: “Não se preocupe: não somos um monstro burocrático! Neste momento somos sete; veremos como se desenvolverá também este aspecto no futuro”.

RV: Geralmente, chegam à opinião pública – no que diz respeito às atividades financeiras do Vaticano – substancialmente aspectos de escândalos, como aconteceu recentemente. Os jornais italianos relacionam com situações suspeitas que o senhor teria podido constatar, com o aumento de casos suspeitos. Neste contexto, que significado adquire o recente Motu Proprio? Devemos esperar ainda escândalos? O que significa para o senhor?

R: “Eu vejo como um sinal muito positivo, e também uma grande demonstração de confiança, significando que o trabalho iniciado nos últimos meses está no caminho certo: sim, acredito que encontramos o caminho correto. Porém, existirão ainda determinados passos a serem dados e penso que não seja oportuna uma expectativa equivocada. É fundamental, neste âmbito, se ter criado os instrumentos justos para que – esperamos que não aconteça, mas caso aconteçam novamente casos negativos ou se apresentem circunstâncias como aquelas já vistas -, existam os instrumentos apropriados para intervir de maneira concreta, ativa, a fim de criar uma situação que é aquela que nós todos gostaríamos de encontrar”.


RV: Então, em última análise, mesmo havendo algum tropeço ainda é um sinal de sucesso, realmente?

R: “Eu acredito que seja necessário sermos honestos: infelizmente – ou por sorte -, somos todos seres humanos e, em qualquer lugar onde se desenvolvam atividades financeiras, às vezes acontecem coisas que não deveriam acontecer daquele modo. Torna-se determinante, nestes casos, dispor dos instrumentos apropriados para elaborar estes casos e retomar as medidas necessárias. E nós estamos verdadeiramente neste ponto. É fundamental também desenvolver um grande trabalho de formação, uma grade trabalho de prevenção, para poder introduzir as medidas necessárias para obter uma forte sensibilização, para que eventos símiles não venham a repetir-se no futuro”.


RV: Quais são as perspectivas para uma futura cultura de transparência e formação, no Vaticano?

R: “Muito positivas: parece-me que isto esteja em sintonia com o espírito que paira por aqui. Acredito que todos tenhamos desejos de transparência, de clareza, sobretudo de clareza interior. Se pudermos contribuir para que isto progrida no âmbito financeiro – como fizemos nos últimos meses – penso então que estamos todos no caminho correto”. (JE)










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