Cardeal Turkson em Nagasaki: A paz é inclusiva e indivisível
Nagasaki (RV) - "A paz é inclusiva e indivisível. Não pode haver uma parte
da população que vive em paz e outra que sofre por causa da exclusão, injustiça, violência
e privações."
Estas palavras foram proferidas nesta quarta-feira, em Nagasaki,
no Japão, pelo Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter
Kodwo Appiah Turkson, para recordar as vítimas do bombardeiro atômico perpetrado contra
essa cidade em 9 de agosto de 1945.
O purpurado encontra-se no País do Sol
Nascente desde a última segunda-feira, dia 5, participando da iniciativa "Dez dias
pela paz", promovida pela Conferência Episcopal Japonesa, até 15 de agosto, em memória
das vítimas dos bombardeios estadunidenses contra Hiroshima e Nagasaki.
O presidente
do organismo vaticano participou de um encontro inter-religioso juntamente com representantes
budistas, xintoístas e protestantes, promovido pelo Centro inter-religioso para o
diálogo e a paz mundial.
Em seu discurso, o Cardeal Turkson evidenciou como
o homem contemporâneo, confuso e desanimado, parece ter se esquecido de que o seu
próprio destino, querido por Deus, é o da "liberdade e felicidade", abandonando-se
ao sofrimento, ganância e ódio. "A paz e a sobrevivência da humanidade estão ligadas
indissoluvelmente ao progresso, ao desenvolvimento e à dignidade de todas as pessoas",
disse o purpurado, recordando as palavras do Beato João Paulo II em sua visita ao
Japão, em fevereiro de 1981.
O representante vaticano recordou o 50° aniversário
da Encíclica "Pacem in Terris", de 1963, do Papa João XXIII, em que o pontífice sublinha
que a "paz deve ser construída sobre bases sólidas". "Os pontífices sucessivos reiteraram
o caráter inclusivo e não divisível da paz e a necessidade de não ignorar, marginalizar
ou excluir nenhuma parte da sociedade", frisou ainda o purpurado ganense.
Recentemente,
o Papa Francisco fez uma exortação nesse sentido durante sua visita à Comunidade de
Varginha, no Rio de Janeiro, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude. Naquela ocasião,
Francisco disse: "Não deixemos entrar em nosso coração a cultura do desperdício, porque
somos irmãos. Ninguém deve ser descartado", recordou o Cardeal Turkson.
Reiterando
que os verdadeiros processos de paz devem "integrar as periferias", o purpurado rezou
pelas vítimas dos bombardeios atômicos, convidando as "grandes tradições religiosas
e espirituais da Ásia a trabalharem juntas pela paz".
Nesta quinta-feira,
o representante vaticano participa, em Nagasaki, de uma cerimônia inter-religiosa
organizada no Ground-Zero Park da cidade, e reza uma oração por todas as vítimas e
por todos aqueles que sofrem ainda as consequências da radioatividade.
Por
fim, na próxima sexta-feira, dia 9, ainda em Nagasaki, o Cardeal Turkson preside a
santa missa pela paz no mundo. (MJ)