2013-08-06 12:48:18

O Card. Turkson em Hiroshima. Padre Czerny: uma viagem para dizer não a todas as guerras


Ouça aqui... RealAudioMP3

Nunca mais a guerra, nunca mais a destruição da bomba atómica. Com esta mensagem, o Cardeal Peter Turkson encontra-se desde segunda-feira 5 de Agosto em Hiroshima, onde celebrou de manhã a Missa na Catedral da cidade. Até ao dia 9 de Agosto, o presidente do Conselho Pontifício para a Justiça e Paz estará, pois, no Japão para comemorar as vítimas dos bombardeamentos atómicos que ocorreram em Hiroshima e Nagasaki, a 6 e 9 de Agosto de 1945.

"Quando Jesus aparece aos discípulos - disse o Cardeal Turskon – dissipa os seus temores com a saudação de paz; não vai, pois, lembrar-lhes a sua traição, muito pelo contrário: Ele lhes dá a paz que os reconcilia com o Senhor ". E é mesmo graças a esta saudação de paz, continuou o cardeal, que os discípulos são enviados "para pregar, como ministros do perdão e da reconciliação". Além disso, ao aparecer diante dos seus discípulos, o Ressuscitado "mostra-lhes as mãos e o lado", como prova do facto que o seu corpo ressuscitado é idêntico ao crucificado. “O corpo que sofreu a crueldade humana e a violência - disse ainda o Cardeal - é o mesmo que ressuscitou e foi glorificado. E assim, em Jesus ressuscitado, a violência humana se transforma e traz alegria aos discípulos". Daí, o desejo do Cardeal para que também os fiéis, reunidos para celebrar a Eucaristia na Catedral de Hiroshima, saibam "caminhar à luz do ensinamento do Senhor" e se tornem "ministros da reconciliação e da paz ".

A Viagem do Cardeal Turkson ao Japão insere-se, como já anunciámos, na iniciativa “Dez dias para a Paz” promovida pela Conferência Episcopal Japonesa, entre 6 e 15 de Agosto, em memória das vítimas das bombas atómicas.
Sobre esta viagem de paz e oração, eis as palavras do Padre Michael Czerny, colaborador do Cardeal Turkson, numa entrevista de Alessandro Gisotti:


R. –Devo dizer que a iniciativa é da Igreja Católica japonesa, a Igreja que todos os anos organiza estes 10 dias para a paz. O Cardeal Turkson foi convidado para acompanhar a peregrinação este ano.

Naturalmente há também um outro acontecimento importante: decorrem os 50 anos da "Pacem in Terris", a Encíclica de João XXIII precisamente sobre a paz ...

R. –É muito importante, precisamente porque João XXIII não fez uma denúncia da guerra, mas dedicou toda a Encíclica para a construção da paz. Estes 10 dias dedicados à paz, portanto, representam uma recordação, que quer construir a paz e não apenas lamentar a catástrofe.

Em 1981 houve a histórica viagem de João Paulo II, que visitou Hiroshima e disse: "que a guerra nunca mais seja tolerada." Este apelo premente de João Paulo II é retomado e relançado pelo Cardeal Turkson ...

R. –Exactamente! O Beato João Paulo II quis insistir no facto que a guerra é nossa responsabilidade humana, não é um castigo de Deus, não é uma catástrofe natural: é o produto dos nossos pecados, e por isso nós somos responsáveis​​. Esta responsabilidade é exactamente aquilo que o Cardeal Turkson quer sublinhar.

Nestes dias em que o Cardeal Turkson está no Japão, haverá também momentos de oração e recolhimento religioso ...

R. – A primeira coisa a destacar é que a religião nunca é a causa das guerras, as guerras são feitas por outros motivos. A religião é usada, instrumentalizada. Isto é importante, assim como também é importante que a construção da paz seja responsabilidade de toda a família humana, juntamente com todas as religiões. Nós estamos lá, é claro, como peregrinos - irmãos e irmãs - que querem reconhecer a Deus, cada qual à sua maneira, e juntos construir a paz.


Para além de recordar aqueles dias terríveis, o Cardeal Turkson estará próximo também das pessoas que, depois de tantas décadas, trazem ainda as feridas daquele bombardeamento atómico, como se quisesse dizer que, infelizmente, a guerra não termina com o fim da guerra ...

R. – Não, não termina nem sequer com aqueles que estiveram lá, naqueles dias terríveis, mas continua nos seus familiares e naqueles que sofrem os efeitos das radiações, os efeitos genéticos das doenças, transmitidas de geração em geração. E assim, o pecado dura por muito tempo e a nossa luta é de evangelizar esta situação. A nossa tarefa em Hiroshima e Nagasaki, é também a mesma tarefa na Síria, na Colômbia, no Médio Oriente, em todo lado, onde devemos reconstruir a família humana, após a loucura da guerra.








All the contents on this site are copyrighted ©.