Rio de Janeiro (RV) - Recordamos, nesse ano, no primeiro domingo de agosto,
a memória de São João Maria Vianney, apresentado pela Igreja como Patrono dos Párocos.
Louvo a Deus pela participação do clero na preparação e realização da JMJ. Com certeza
irão levar adiante a mensagem e o entusiasmo agora despertados.
O Papa Francisco,
em sua viagem apostólica ao Rio de Janeiro, nos exortou a não ter medo de ir contra
a corrente dominante do pensamento do mundo. O Bispo de Roma tem repetido que nós
devemos caminhar para as periferias, ir ao encontro dos que estão afastados. Graças
a Deus, em nossa Arquidiocese, são muitos os que gastam as suas vidas nas muitas comunidades,
e ali plantam a semente do Evangelho.
O Vigário de Cristo e a Igreja querem
a Igreja e os seus ministros nas ruas – bispos, padres, diáconos, religiosos, lideranças
próximos do povo – trabalhando para os pobres e formando jovens missionários. Por
isso, nós nos sentimos desafiados a intensificar esse caminho novo redesenhado e confirmado
pelo pontífice. O Papa nos propõe redescobrir a alegria da fé! Ao falar do chamado
para anunciar o Evangelho, nos ensina a viver o caminho a que somos chamados para
ajudar os jovens e todos os fiéis a perceberem que ser discípulo missionário é uma
consequência de ser batizado, é parte do essencial do ser cristão. E que o primeiro
lugar onde evangelizar é própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família
e os amigos.
Em nossa Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, o Papa Francisco
pediu que os sacerdotes tenham “a paciência de escutar os problemas dos jovens”, especialmente
na confissão, na orientação espiritual e no acompanhamento. “Não poupemos esforços
na formação dos jovens” e ajudemo-los, disse, a “redescobrir o valor e a alegria da
fé”. Essa orientação deve ser feita de tal modo que se sintam missionários, saiam
de suas casas e façam “ruas de fé”: “não podemos ficar encerrados na paróquia, nas
nossas comunidades quando tantas pessoas estão esperando o Evangelho”, alertou, e
completou enfático: “Eduquemo-los para a missão, para sair, para partir. Decididamente,
pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que são mais afastados, daqueles
que habitualmente não frequentam a paróquia”.
O Papa nos ensinou, ainda, o
chamado a “Promover a cultura do encontro”. Ele denunciou a atual “cultura da exclusão
e do descartável”, na qual não há tempo para as os outros, e as relações humanas parecem
regidas por dois dogmas modernos: a eficiência e o pragmatismo. Isso vale, particularmente,
para algumas falsas mentalidades que descartam os sacerdotes anciãos e doentes e não
lhe dão a verdadeira atenção e carinho.
É convite para incrementar mais ainda
o contato pessoal dos presbíteros com os fiéis. O relacionamento entre as pessoas,
na vida paroquial, deve sempre ser igual, na mesma simplicidade e sem fazer-se maior.
Isso é de uma beleza e simplicidade comoventes, dando tempo para ouvir o outro como
alguém que serve, com o seu modo de vida, próximo das suas ovelhas, gastando a sua
vida e as suas preocupações com as preocupações do povo santo de Deus, a quem o sacerdote
é enviado para santificar e proclamar o Reino de Deus.
Nesse sentido, quero
elevar a Deus a minha ação de graças pelo trabalho pastoral de todos os presbíteros
de nossa amada Arquidiocese. Agradeço a Deus, também, o trabalho escondido de muitos
sacerdotes que gastam a sua vida pelo povo brasileiro, particularmente, na Região
Amazônica, com todas as suas complexidades pastorais. No discurso aos Bispos do Brasil,
o Santo Padre fez especial menção à Amazônia! Somos chamados, pois, a ser pastores
conforme o Coração de Cristo: mansos, pacíficos, generosos; que estejamos sempre em
sintonia com Cristo, com a Igreja em favor da edificação da esperança, da solidariedade,
da partilha e da paz, sem medo de viver, anunciar e testemunhar o Evangelho. O Santo
Padre Francisco foi muito claro nas suas palavras aos bispos, presbíteros, diáconos,
religiosos e seminaristas – para terem “a coragem de ir contra a corrente”, sendo
“servidores da comunhão e da cultura do encontro”.
Unamo-nos à Virgem Mãe,
Mãe dos Sacerdotes, que interceda por todos nós nessa bela e importante missão nesse
tempo de tantas transformações sociais, culturais e religiosas!
† Orani João
Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
RJ