2013-08-01 19:40:53

Provincial dos Jesuítas na Itália comenta a homilia do Papa Francisco, na Missa celebrada no dia de Santo Inácio


Cidade do Vaticano (RV) - “Ser homens arraigados e alicerçados na Igreja: assim Jesus nos quer”. Esta é uma das passagens fortes da homilia que Papa Francisco pronunciou aos jesuítas ontem, na Festa de Santo Inácio de Loyola, na Igreja de Jesus, em Roma. Uma celebração de grande significado, sendo o Papa Bergoglio o primeiro Pontífice da Companhia de Jesus. A Rádio Vaticano conversou com o Provincial dos Jesuítas na Itália, Padre Carlo Casalone:

R: “Tem-se a impressão de grande familiaridade e de grande proximidade do Papa Francisco, que conhece o seu caminho, a sua formação dentro da Companhia e – como sublinhou o Padre Geral Adolfo Nicolás – se sente jesuíta, pensa como jesuíta”.

RV: Papa Francisco alertou sobre ‘o construir caminhos paralelos’ no seio da Igreja, dizendo, no entanto, que quanto à criatividade não existe nenhum problema.

R: “Sobre isto devo dizer que o Papa Francisco retoma as palavras que também Bento XVI disse à Congregação Geral dos Jesuítas em 2008: “Ir às fronteiras”. Ir às fronteiras quer dizer ir àqueles lugares, que ele chama periferias, onde se está menos presente: são periferias não somente geográficas, mas também culturais e existenciais de pobreza, de marginalidade, de fragilidade, às quais o Evangelho em particular se dirige. Ou seja, trata-se de encontrar novas modalidades na lógica da nova evangelização, que não mudem o Evangelho, mas mudem o modo de levá-lo, de testemunhá-lo, que renova àqueles que evangeliza ou a comunidade que evangeliza, de modo que possa fazê-lo com renovada intensidade e numa modalidade que seja efetivamente receptível para aqueles às quais se dirige”.

RV: Uma palavra ressoa com urgência na homilia do Santo Padre, que é aquela da “vergonha”. Gostaria que nos ajudasse a entender melhor em que sentido devemos falar de ‘vergonha...

R: “Papa Francisco se reconhece profundamente radicado na espiritualidade da Companhia e esta palavra que ele utilizou vem dos exercícios espirituais onde – na fase inicial do percurso dos exercícios –, Inácio de Loyola fala da meditação sobre o pecado. Papa Francisco diz que nós demoramos em sentir vergonha pelo mal no qual estamos envolvidos. É certo, por outro lado, que nós reconhecemos o nosso limite e que procuramos honestamente reconhecer estas zonas obscuras, aquele lado obscuro da nossa experiência humana, que tem a ver com a vergonha e a culpa”.

RV: Poder-se-ia deduzir que daqui nasce o motivo de renovação da Igreja?

R: “Penso que este seja um bom ponto de partida, que inicia na conversão pessoas de cada fiel, a partir do Papa. Na viagem de retorno da JMJ do Rio, o Papa falou: eu verdadeiramente não sei como será organizado o IOR ou a cúria, porém sei que devemos trabalhar nisto, que devemos trabalhar nisto juntos, que devemos confrontar-nos, que devemos reconhecer as coisas que não estão bem e a partir Dalí, partir, honestamente e na simplicidade, para construir modalidades melhores”.

RV: O Papa, quase ao final da homilia, inseriu duas evocações iconográficas, que tem a ver com a imagem do crepúsculo, e fez referência aos dois pilares da Companhia de Jesus: São Francisco Saverio e o Padre Pedro Arrupe...

R: “Sim, definiu dois ícones dos jesuítas que deram sua vida até o fim, isto é, até o crespúsculo, mas também até o fim existencialmente, isto é, que se doaram totalmente à missão. Francisco Saverio, após a missão no Oriente, procurando ir até a China sem conseguir, voltou então seu olhar a um novo horizonte missionário; e Padre Arrupe que, no final do seu compromisso como Prepósito Geral da Companhia de Jesus, dedicou-se até o fim na linha da oferta da própria vida ao serviço do Evangelho na Igreja”. (JE)










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