Na Missa com os jesuítas, Papa Francisco recordou sacerdote desaparecido na Síria
Cidade do Vaticano (RV) – “Neste momento penso ao nosso irmão na Síria”, disse
o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã desta quarta-feira, na Igreja
de Jesus, centro de Roma, por ocasião da Festa de Santo Inácio, fundador da Companhia
de Jesus, referindo-se ao Padre Paolo Dall’Oglio, sacerdote jesuíta desaparecido na
Síria.
O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, comentou
o desaparecimento do sacerdote, afirmando que “seguimos com atenção, com participação
e com afeto: se Padre Dall’Oglio está realizando iniciativas para o bem, que alcance
seus objetivos. Estamos próximos a ele espiritualmente”. No entanto, acrescentou Pe.
Lombardi, "o Vaticano não tem informações mais detalhadas” sobre o caso.
O
jesuíta, após ter vivido 30 anos na Síria - levando adiante uma incansável obra de
diálogo e conciliação -, foi expulso por Bashar al-Assad em 2012, passando a viver
no Iraque. Mesmo assim, continuou a entrar na Síria pela parte controlada pelos rebeldes,
dos quais é amigo. Segundo algumas Agências, Padre Paolo teria entrado na Síria pelo
norte, sendo seqüestrado em Raqqa por um grupo de integralistas, que fariam parte
do grupo que luta por um Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Outra fonte
indica que o sacerdote jesuíta poderia estar mediando na Síria, onde estaria desde
a sexta-feira 26, a liberação de um amigo religioso italiano, em poder de um grupo
ligado a Al-Qaeda. O silêncio do sacerdote, neste caso, poderia estar ligado aos tempos
e modalidades de contato com o grupo e não de seqüestro. A última comunicação foi
feita no sábado, 27.
“As vias ordinárias, da Nunciatura e da Companhia
de Jesus, não tem ulteriores informações”, disse Pe. Lombardi. “Ele é uma pessoa corajosa,
informada sobre o risco, conhece bem aqueles lugares”, acrescentando que “estamos
convencidos que o faz por motivos muito elevados, sabe aquilo que faz”.
O ‘Jesuit
Social Network’, a associação Centro Astalli, a juventude jesuíta MAGIS e a Revista
Populi (da qual Padre Dall’Oglio é colaborador) já haviam lançado um apelo pela liberação
imediata do Padre Paolo, do qual não se tem notícias há pelo menos três dias.
No
apelo é manifestado “total apoio às populações civis da Síria e Iraque que são submetidas
há anos a violência, sofrimentos e maus-tratos. Fazemos um apelo a todas as pessoas
que estão envolvidas para que busquem a paz e a estabilidade para o bem de todos e
coloquem fim a toda forma de violência e de derramamento de sangue”.
Há poucos
dias, o religioso romano lançou um apelo ao Santo Padre, via internet, pedindo a ele
para "promover pessoalmente uma iniciativa diplomática urgente e inclusiva para a
Síria, que assegurasse o fim do regime torturador e de massacres, salvaguardasse a
unidade na multiplicidade do país e permitisse, por meio da autodeterminação democrática
assistida internacionalmente, o fim da guerra entre extremistas armados"
Padre
Dall’Oglio, de 58 anos, nasceu em Roma. Desde 1982 trabalhou para a restauração do
Mosteiro Católico de Deir Mar Musa (Mosteiro de São Moisés Abissínio), no deserto
ao norte de Damasco, constituindo uma comunidade monástica aberta ao diálogo com o
Islã.
Ao desencadear a “primavera árabe” em Damasco, o sacerdote assumiu uma
posição crítica em relação ao regime de Al-Assad, sendo decretada sua expulsão do
país. (JE)