E na noite deste sábado o grande momento da XXVIII Jornada Mundial da Juventude: a
Vigília dos Jovens. A transferência obrigatória de Guaratiba, devido ao tempo, acabou
por transformar a Praia de Copacabana no Campus Fidei, acolhendo um público estimado
em cerca 2,5 milhões de pessoas.
No percurso ao longo da Av. Atlântica, o Papa
Francisco, com o mesmo carinho com que acenou, mandou beijos e abençoou, também recebeu
da multidão beijos, acenos, lágrimas, gritos, bilhetes, faixas, bandeiras, expectativas,
esperanças. À medida que o Papamóvel seguia o seu percurso, a multidão ficava mais
eufórica e emocionada.
Papa Francisco subiu ao palco às 18h30 (23.30 em Roma),
saudando os Cardeais e Bispos presentes. Logo após, encenações sobre a vida de Francisco
de Assis, testemunhos e apresentações musicais, deram prosseguimento à festa da fé.
Passadas
as 20h30, o Santo Padre dirigiu-se aos jovens, citando São Francisco de Assis: “Acabamos
de recordar a história de São Francisco de Assis. Diante do Crucifixo, ele escuta
a voz de Jesus que lhe diz: «Francisco, vai e repara a minha casa». E o jovem Francisco
responde, com prontidão e generosidade, a esta chamada do Senhor: repara a minha casa.
Mas qual casa? Aos poucos, ele percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar
um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja;
tratava-se de colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que transparecesse
nela sempre mais a Face de Cristo”.
E prosseguiu afirmando que também hoje
“o Senhor continua precisando de vocês, jovens, para a sua Igreja, também hoje ele
chama a cada um de vocês para segui-lo na sua Igreja, para serem missionários”. Então
o Papa pergunta: como? Para responder, ele usa três imagens que ajudam a entender
o significado de ser discípulo missionário: a primeira, o campo como lugar onde se
semeia; a segunda, o campo como lugar de treinamento; e a terceira, o campo como canteiro
de obras.
Para meditar sobre o ‘campo como lugar onde se semeia’, o Santo
Padre faz uso da Parábola do Semeador e lembrando a necessidade de mudar o local da
Vigília em função do mau-tempo, disse: “Queridos jovens, isso significa que o verdadeiro
Campus Fidei é o coração de cada um de vocês, é a vida de vocês. E é na vida de vocês
que Jesus pede para entrar com a sua Palavra, com a sua presença. Por favor, deixem
que Cristo e a sua Palavra entrem na vida de vocês, e nela possam germinar e crescer”.
Ao perguntar que tipo de terreno ‘somos ou queremos ser’, o Papa cita as diferentes
situações na vida onde caem as sementes e não dão fruto, mas acrescenta:
“Mas,
hoje, tenho a certeza que a semente está caindo numa terra boa, sei que vocês querem
ser um terreno bom, não querem ser cristãos pela metade, nem “engomadinhos”, nem cristãos
de fachada, mas sim autênticos. Tenho a certeza que vocês não querem viver na ilusão
de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e as conveniências do momento.
Sei que vocês apostam em algo grande, em escolhas definitivas que deem pleno sentido
para a vida. Jesus é capaz de oferecer-lhes isto. Ele é o «caminho, a verdade e a
vida» (Jo 14,6)! Confiemos n’Ele. Deixemo-nos guiar por Ele!”
Após, ao meditar
sobre ‘o campo como lugar de treinamento’, diz que Jesus oferece algo muito superior
que a Copa do Mundo:
“Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz
e nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. Jesus, porém,
nos pede que treinemos para estar “em forma”, para enfrentar, sem medo, todas as situações
da vida, testemunhando a nossa fé. Como? Através do diálogo com Ele: a oração, que
é diálogo diário com Deus que sempre nos escuta. através dos sacramentos, que fazem
crescer em nós a sua presença e nos conformam com Cristo; através do amor fraterno,
do saber escutar, do compreender, do perdoar, do acolher, do ajudar os demais, qualquer
pessoa sem excluir nem marginalizar ninguém. Queridos jovens, que vocês sejam verdadeiros
“atletas de Cristo””
O Papa prosseguiu então, meditando sobre ‘o campo como
canteiro de obras’, dizendo que “quando o nosso coração é uma terra boa que acolhe
a Palavra de Deus, quando se “sua a camisa” procurando viver como cristãos, nós experimentamos
algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos, fazemos parte de uma família de irmãos que
percorrem o mesmo caminho; somos parte da Igreja, mais ainda, tornamo-nos construtores
da Igreja e protagonistas da história” e acrescenta:
“Na Igreja de Jesus, nós
somos as pedras vivas, e Jesus nos pede que construamos a sua Igreja; e não como uma
capelinha, onde cabe somente um grupinho de pessoas. Jesus nos pede que a sua Igreja
viva seja tão grande que possa acolher toda a humanidade, que seja casa para todos!
Ele diz a mim, a você, a cada um: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações»!
Nesta noite, respondamos-lhe: Sim, também eu quero ser uma pedra viva; juntos queremos
edificar a Igreja de Jesus! Digamos juntos: Eu quero ir e ser construtor da Igreja
de Cristo!”.
Neste ponto, o Para refere-se às manifestações de jovens que ocorrem
em diversas partes do mundo, dizendo:
“No coração jovem de vocês, existe o
desejo de construir um mundo melhor. Acompanhei atentamente as notícias a respeito
de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar
o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Mas, fica a pergunta: Por onde
começar? Quais são os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? Quando
perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, ela respondeu:
você e eu!”.
Queridos amigos, não se esqueçam: Vocês são o campo da fé! Vocês
são os atletas de Cristo! Vocês são os construtores de uma Igreja mais bela e de um
mundo melhor. Elevemos o olhar para Nossa Senhora. Ela nos ajuda a seguir Jesus, nos
dá o exemplo com o seu “sim” a Deus: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo
a tua Palavra» (Lc 1,38). Também nós o dizemos a Deus, juntos com Maria: faça-se em
mim segundo a Tua palavra. Assim seja!"