Momento comovente e ao mesmo tempo intenso de reflexão e propostas concretas para
a sociedade de hoje e de amanhã foi a sessão que teve lugar ao fim da manhã, eram
16.30 em Roma, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a participação de políticos,
diplomatas, empresários e representantes da sociedade civil, da cultura e das maiores
comunidades religiosas do país.. O Papa Francisco apelou ao diálogo “construtivo”
entre todos os elementos da sociedade brasileira, a fim de promover “um futuro melhor”,
com base no respeito e na participação de cada pessoa, e “reabilitar a política”.
“Entre a indiferença egoísta e o protesto violento – insistiu - há uma opção sempre
possível: o diálogo”. “É impossível imaginar um futuro para a sociedade sem uma
vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar
fechada na pura lógica ou equilíbrio dos interesses constituídos”, observou. O Papa
apontou o caminho do diálogo construtivo como a melhor alternativa para o crescimento
do país, reunindo a cultura popular, universitária, juvenil, artística, tecnológica,
económica, familiar e dos media. “O futuro exige de nós uma visão humanista da
economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas,
evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário,
e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade”, sublinhou. Após
recordar que “os gritos por justiça continuam ainda hoje”, a intervenção deixou um
alerta para o “perigo da desilusão, da amargura, da indiferença, quando as aspirações
não se cumprem”. “Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se
o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária”, prosseguiu
Francisco. Segundo o Papa, a responsabilidade social exige “um certo tipo de paradigma
cultural e, consequentemente, de política”. “Somos responsáveis pela formação de novas
gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos”, advertiu. Falando
em espanhol, Francisco desejou que a nação brasileira, “sempre aberta à luz que irradia
do Evangelho de Jesus Cristo, possa continuar a desenvolver-se no pleno respeito dos
princípios éticos fundados na dignidade transcendente da pessoa”. O Papa destacou
o contributo das tradições religiosas, que “desempenham um papel fecundo de fermento
da vida social e de animação da democracia”. Perante mais de duas mil pessoas,
o Papa convidou o país a “originalidade dinâmica que caracteriza a cultura brasileira”,
com a sua “extraordinária capacidade para integrar elementos diversos”. Neste contexto,
foi recordado que o “modo cristão de promover o bem comum, a felicidade de viver”
passa pela “humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento”. “Aqui
convergem a fé e a razão, a dimensão religiosa com os diversos aspetos da cultura
humana: arte, ciência, trabalho, literatura”, precisou. O discurso papal deixou
reflexões sobre a “liderança” do país, que deve procurar chegar ao “centro dos males”.
“Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo
de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem
precedentes”, sustentou. Em conclusão, Francisco deixou o conselho que diz dar
sempre aos líderes que o procuram – “diálogo, diálogo, diálogo” -, sem preconceitos
e com “humildade social”. “A fraternidade entre os homens e a colaboração para construir
uma sociedade mais justa não constituem uma utopia”, finalizou.