Na Missa celebrada na Catedral do Rio, Papa Francisco exorta à promoção de uma 'cultura
do encontro'
Rio de Janeiro (RV) – O Papa Francisco presidiu
na manhã deste sábado, na Catedral do Rio de Janeiro, a uma Missa na presença de Bispos,
Sacerdotes, seminaristas e religiosos. O Santo Padre saiu da Residência do Sumaré
às 8 horas da manhã, seguindo no Papamóvel até a Catedral, aonde chegou por volta
das 8h30min. Chovia no Rio de Janeiro, o que não foi um empecilho para que milhares
de pessoas o saudassem ao longo do trajeto.
Francisco foi acolhido com muito
entusiasmo e emoção por 655 Bispos, 8 mil Presbíteros, 9 mil Religiosos, 7 mil seminaristas
e 700 diáconos, entre outros. Por ocasião do Ano da Fé, os textos da celebração foram
tirados da Missa para a Evangelização dos Povos. O canto gregoriano entoado na celebração
esteve a cargo da Schola Cantorum do Seminário Arquidiocesano de São José e
do Coro de jovens da Arquidiocese.
Na sua homilia, o Papa Francisco convidou
a todos para “anunciar o Evangelho aos jovens para que encontrem Cristo, luz para
o caminho, e se tornem construtores de um mundo mais fraterno”. O Papa então, refletiu
sobre três aspectos da vocação: chamados por Deus, chamados para anunciar o Evangelho
e chamados para promover a cultura do encontro.
Ao refletir sobre o primeiro
ponto, chamados por Deus, o Papa falou da importância em reavivar esta realidade que,
frequentemente, é esquecida no meio de tantas atividades do dia-a-dia, recordando
João 15, 16 ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi”, ou seja,
a importância de retornar à fonte do nosso chamado:
“Não é a criatividade
pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel
a Jesus, que nos diz com insistência: «Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós»
(Jo 15, 4). E nós sabemos bem o que isso significa: Contemplá-lo, adorá-lo e abraçá-lo,
particularmente através da nossa fidelidade à vida de oração, do nosso encontro diário
com Ele presente na Eucaristia e nas pessoas mais necessitadas. O “permanecer” com
Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir ao encontro dos demais. Vem-me
à cabeça umas palavras da Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá: «Devemos estar muito
orgulhosas da nossa vocação, que nos dá a oportunidade de servir Cristo nos pobres.
É nas favelas, nos «cantegriles» nas Villas miseria, que nós devemos ir procurar e
servir a Cristo. Devemos ir até eles como o sacerdote se aproxima do altar, cheio
de alegria». Jesus, Bom Pastor, é o nosso verdadeiro tesouro; procuremos fixar sempre
mais n’Ele o nosso coração”.
Ao meditar sobre o segundo ponto – chamados
para anunciar o Evangelho -, Francisco destacou o compromisso em ajudar a fazer arder
nos corações dos jovens, o desejo de serem discípulos missionários de Jesus e a perceberem
que ser discípulo missionário é uma conseqüência de ser batizado, é parte essencial
do ser cristão, e que, o primeiro lugar a evangelizar é a própria casa, o ambiente
de estudo ou de trabalho, a família, os amigos:
“Ajudemos os nossos jovens
a descobrir a coragem e a alegria da fé, a alegria de ser pessoalmente amados por
Deus, que deu o seu Filho Jesus para nossa salvação. Eduquemo-los para a missão, para
sair, para partir. Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados
a si, como uma choca com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados
na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho!
Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora
para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia,
daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não freqüentam a paróquia.
Também eles são convidados para a Mesa do Senhor”.
No terceiro ponto –
chamados a promover a cultura do encontro – Francisco uma vez mais enfatizou que “em
muitos ambientes, ganhou espaço a cultura da exclusão, a cultura do descartável. “Não
há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com
o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas
são regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. Então, exortou os
presentes a seguir contra a corrente:
“Queridos Bispos, sacerdotes, religiosos
e também vocês, seminaristas, que se preparam para o ministério, tenham a coragem
de ir contra a corrente. Não renunciemos a este dom de Deus: a única família dos seus
filhos. O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade são
os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores
da comunhão e da cultura do encontro. Permitam-me dizer: deveríamos ser quase obsessivos
neste aspecto! Não queremos ser presunçosos, impondo as “nossas verdades”. O que nos
guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado
pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la”.
Ao concluir,
exortou uma vez mais para que todos promovam uma cultura do encontro, tomando a Virgem
Maria como modelo.
Papa Francisco saiu da Catedral do Rio de Janeiro às 11
hora, dirigiu-se ao Teatro Municipal para encontrar representantes da sociedade civil.
(JE)