Rio de Janeiro (RV) - Depois de
quase dois anos de preparação finalmente chegou o momento da Jornada Mundial da Juventude
no Rio de Janeiro. Os símbolos do grande evento da juventude de todo o mundo, a Cruz
e o Ícone de Nossa Senhora, depois de peregrinar por todo o Brasil, de tocar realidades
múltiplas, da alegria dos Bote Fé aos lugares da dor e do sofrimento, cárceres e hospitais,
foram acolhidos na Praia de Copacabana na última terça-feira. Eram mais de 500 mil
os jovens que participaram da missa da acolhida, celebrada pelo Arcebispo do Rio,
Dom Orani João Tempesta. Ali teve início a aventura da fé que se estendeu por toda
essa semana.
Muitos os momentos vividos pelos jovens provenientes de 175 países,
que deram um testemunho impressionante de coragem, de paciência, de amor, e de fé.
O tempo não foi clemente com eles, de fato, choveu toda a semana, uma chuva quase
intermitente que chegou a esconder a estátua do Cristo Redentor que, mesmo entre as
nuvens, continuava a acolhê-los de braços abertos e abençoá-los do alto do Corcovado.
Uma prova superada com nota máxima, e com a certeza de que até debaixo de água, a
fé dos jovens é forte, inabalável. Basta colocá-los à prova para receber respostas
que fazem esperar num grande futuro da nossa Igreja e do nosso mundo.
Papa
Francisco, mestre em comunicação popular, conquistou e foi conquistado pelos jovens
e pelo povo carioca. Não poupou energias para estar em contato com todos, sejam eles
governantes, sejam eles favelados, todos sem distinção. Dirigiu palavras de afeto,
de agradecimento, mas também palavras duras e cheias de conforto. “Venho para alimentar
a chama de amor fraterno que arde em cada coração”, disse Francisco na sua chegada,
acrescentando que a “juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo. E por
isso impõe grandes desafios”.
Palavras que fizeram vibrar os corações dos “jovens
do Papa”. Mas Francisco foi incisivo com eles. “Vejo em vocês a beleza do rosto jovem
de Cristo e meu coração se enche de alegria!” “Vim para lhes confirmar nesta fé, a
fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo
entusiasmo da fé de vocês!”.
Francisco não se furtou de criticar o que causa
dor e destrói a vida dos jovens. No seu discurso durante a inauguração de uma ala
para o tratamento de dependentes químicos no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca,
chamou os traficantes de 'mercadores da morte'. Dirigiu ainda palavras fortes contra
a liberalização das drogas no continente, um debate que ganha cada vez mais espaço
diante do fracasso das políticas de repressão. "Não é deixando livre o uso das drogas,
como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão
e a influência da dependência química" disse o Papa.
A chuva destes dias no
Rio molhou muito mas não atrapalhou os eventos da Jornada. Mas para evitar riscos
em Guaratiba, no Campus Fidei, local dos eventos finais do sábado à noite, a Vigília,
e da Missa de envio, no domingo, foi decidida a transferência dos mesmos para Praia
de Copacabana, agora “Praia Fidei”, como a chamam os jovens. Agora todos os caminhos
conduzem à “Praia Fidei”.
O entusiasmo juvenil por todos os cantos do Rio
demonstraram e demonstram o rosto do jovem cristão, que procura unir o testemunho
de uma vida autenticamente cristã com as consequências sociais do Evangelho.
Quem
disse que os nossos jovens são apagados, acomodados? Que são indiferentes às coisas
de Deus e da vida, superficiais. Bastou olhar nesta semana para o Rio de Janeiro,
para ver que não é assim.
Um homem vestido de branco, “vindo do fim do mundo”
arrastou mais de um milhão e meio de jovens de todas as partes do mundo, sem dar espetáculo,
sem fazer um concerto de rock, sem fazer um woodstok, mas somente com o testemunho
de uma fé inabalável naquele que tudo pode, com o testemunho de um Evangelho exigente
que quer indicar o caminho da verdadeira realização, deixando de lado "ídolos passageiros".
Por que um homem como Francisco, simples e humilde, com a fala fácil arrasta tantos
jovens? Simples, porque é verdadeiro, humilde, sincero, e carrega no coração uma certeza,
Cristo é o único caminho, e o jovem gosta do verdadeiro e não da falsidade. Francisco
foi o primeiro peregrino destes dias da Jornada, ele que embocou a estrada aberta
por seu predecessor, Bento XVI, que escolheu o Rio para a JMJ. Francisco embocou a
estrada em direção ao Rio e ali percorreu suas estradas confirmando todos na fé. Agora,
depois da participação na JMJ, o retorno do Papa e dos jovens a casa; e será um retorno
com novo entusiasmo: entusiasmo do Papa nos seus jovens, e dos jovens que poderão
ser realmente a nova realidade de uma nova sociedade, de um novo mundo!
A
JMJ é um encontro, não com o Papa, mas com uma pessoa, Jesus Cristo. Essa certeza
do encontro com o único que pode dar sentido à vida dos jovens foi o tom que permeou
todos os discursos do Papa, todos os momentos em que, com a sua veste branca, entre
o colorido das mochilas e bandeiras dos jovens, Francisco tocou os corações daqueles
que tem esperança e esperam no Senhor. Deus “está próximo de vocês e segura vocês
pela mão”, tenham essa certeza. (Silvonei José)