Damasco (RV) – Na Síria os momentos de tensão continuam, enquanto uma delegação
da Onu entrou ontem em Damasco para investigar acerca do uso de armas químicas nessa
sangrenta guerra civil. A situação é tão preocupante nas fronteiras com a Turquia
que levou o Primeiro-Ministro de Ankara, Erdogan, a convocar uma cúpula de emergência
com ministros e inteligências para ponderar os riscos, devido aos confrontos do dia
24 entre militares e rebeldes.
A Síria foi também assunto no centro da intervenção
– no debate aberto sobre o Oriente Médio – de Dom Francis Chillikatt, observador permanente
da Santa Sé no Conselho de Segurança da Onu em Nova Iorque. Foi feito um sincero apelo
à comunidade internacional para o fim da violência na Síria: a Santa Sé volta ao tema
através do Dom Chullikatt. Em seu pronunciamento em Nova Iorque, começou citando a
mensagem da primeira Páscoa do Papa Francisco pela paz no Oriente Médio e a esperança
que as negociações de paz entre israelenses e palestinos podem acarretar.
Mas
agora a emergência é a Síria, um povo despedaçado em uma guerra sem fim: “Quanto sofrimento
ainda deve acontecer para que uma solução política seja tomada?”, pergunta o prelado,
que tenciona chamar a atenção do mundo para os números impressionantes do conflito:
cinquenta mil mortos ao mês, quase dois milhões de refugiados – 10% da população –
nos países vizinhos e quatro milhões de deslocados internos; quase sete milhões de
pessoas, a maior parte crianças, que necessitam de tudo.
Uma atenção particular,
posteriormente, à comunidade cristã local, que vive em meio à insegurança devido ao
aumento de sequestros e homicídios – e não escapam nem mesmo sacerdotes e bispos.
Há também 60 igrejas destruídas e o patrimônio artístico e cultural é colocado em
grande risco. “Não podemos ter progresso social sem justiça – adverte Dom Chullikatt
– e sem o reconhecimento do papel das minorias étnicas e religiosas dentro da sociedade”.
O
pedido é, portanto, de uma abertura ao diálogo de ambas as partes, porque “não podemos
encontrar alguma solução militar ao conflito sírio”. A guerra, em geral, não é um
meio para resolver os conflitos. Em vez disso, pode haver um contentamento somente
com a diplomacia, porque “a paz na Síria nos torna todos vitoriosos, enquanto o conflito
duradouro garante apenas perdedores”. (NV)