Igreja deplora acordo entre Austrália e Papua Nova Guiné sobre os refugiados
Port Moresby (RV) - A Igreja na Papua Nova Guiné manifesta grande tristeza
e critica fortemente o recente acordo assinado entre Austrália e Papua Nova Guiné
sobre o tratamento e reinserção de refugiados e requerentes de asilo.
Numa
nota enviada à Agência Fides, a Conferência Episcopal de Papua Nova Guiné e Ilhas
Salomão ressalta que foi pega de surpresa pelo anúncio de que todos os requerentes
de asilo e refugiados que chegam a Austrália pelo mar serão transportados para a ilha
de Manus, na Papua Nova Guiné e ilhas do Pacífico.
Segundo os observadores,
com esse acordo a Austrália jogaria o problema da afluência de refugiados num país
como a Papua, um dos mais pobres do mundo, sem preparação e com graves problemas sociais.
Os
bispos recordam que "na Papua Nova Guiné não falta compaixão para com os necessitados"
e notam que "o país, neste momento de sua história, não tem capacidade para acolher
um afluxo considerável de refugiados e prover às suas necessidades imediatas".
Segundo
o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, as condições de
vida no centro de refugiados da ilha de Manus "não satisfazem as normas de proteção
internacional, e a situação no local pode provocar danos no campo psicossocial".
Os
bispos pedem ao Governo que novos refugiados cheguem a Papua Nova Guiné somente se
forem radicalmente melhoradas as estruturas e condições que os hospedam. O apelo mais
forte foi feito ao Governo da Austrália para que encontre soluções mais humanas para
as pessoas que buscam asilo nesse.
Segundo Pe. Philip Gibbs SVD, Secretário
da Comissão para Questões Sociais da conferência episcopal local, "a Papua Nova Guiné
foi levada a crer de se unir à Austrália numa campanha justa contra o tráfico de seres
humanos". "Suspeitamos que o acordo seja fruto de uma conveniência política em detrimento
de pessoas que buscam refúgio", frisou ele.
O secretário recorda também que
o Papa Francisco mostrou recentemente na viagem a Lampedusa, na Itália, o comportamento
justo que os cristãos devem ter, falando de acolhimento, solidariedade e luta contra
a "globalização da indiferença". (MJ)