2013-07-23 18:23:19

Acolhimento extraordinário ao Papa Francisco no Rio de Janeiro - Entrevista com Padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé


Para um balanço do primeiro dia do Papa Francisco no solo brasileiro, as palavras do director da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi, entrevistado pelo correspondente da RV no Rio de Janeiro, Roberto Piermarini... RealAudioMP3

D. - Padre Lombardi, ontem foi um dia cheio de surpresas e que também despertou alguma preocupação. Pode dizer-nos algo sobre isso?
R. - Creio que quando se fala de preocupação se faz alusão ao facto do itinerário do aeroporto até o Palácio de Guanabara, onde o Papa foi acolhido de um modo absolutamente entusiástico. Só que houve também um pequeno erro no percurso e, por isso, houve alguma dificuldade - digamos - para continuar, a um certo momento, com todas as pessoas entusiasmadas ao redor. Pareceu que estivéssemos um pouco bloqueados. Este é um momento que provocou um pouco de surpresa ou preocupação para alguns, mas que na verdade é uma coisa que se pode entender quando tem uma grande cidade, com um acolhimento extraordinário, com um grande interesse das pessoas e um Papa como este, que atrai naturalmente o entusiasmo e a proximidade de muitos. Portanto, eu diria que, de facto, houve - por assim dizer - uma experiência útil para os próximos dias, para se tentar evitar pequenos inconvenientes, mas também um aspecto positivo deste grande entusiasmo do primeiro dia.

D. - O Papa contava com um acolhimento assim entusiástico pela população do Rio e do Brasil em geral?
R. - O Papa sabe que os brasileiros são muito cordiais; sabe que os latino-americanos - que ele conhece bem - são pessoas amáveis ​​e os brasileiros em particular. Impressionou-me que, no primeiro discurso que fez, a palavra "coração" repete-se muitas vezes. Ele fala precisamente do imenso coração do Brasil e do facto que ele bate para entrar no interior do acolhimento deste coração. Parece-me uma compreensão muito fina da sensibilidade e também da alegria deste povo, que certamente vai caracterizar estes dias.

D. - Não houve perguntas e respostas por parte dos jornalistas com o Papa no avião, mas o discurso do Papa foi contudo importante ...
R. - Não só foi importante o breve discurso que o Papa fez, mas o foi igualmente o seu relacionamento pessoal. Ele saudou pessoalmente a todos os mais de 70 jornalistas, operadores de televisão e fotógrafos que estavam lá, demorando-se com cada um deles; cada um teve ocasião de lhe dar informações sobre a sua família, pedir-lhe bênçãos de objectos sagrados: teve realmente aquele encontro assim simples e humano, que precisamente representa a relação do coração diante do Pai.

D. - Quais foram, no entanto, os conteúdos do encontro entre o Papa e a presidente Rousseff?
R. - Os conteúdos foram expressos antes de tudo pelo discurso da presidente, que me parece certamente significativo também pelo empenho no campo da justiça social, do crescimento humano, os jovens ... Eis, pois, uma vontade e uma intenção de enfrentar tantos problemas que vemos na sociedade, à nossa volta e também na sociedade brasileira nos dias de hoje, como sabemos. A presidente também manifestou ao Papa – no colóquio pessoal - o seu apreço pelo empenho que o Papa coloca nestes aspectos. Em particular, ela recordou o seu discurso em Lampedusa como um discurso particularmente significativo: portanto, vê-se como a partir daquela pequena ilha do Mediterrâneo, o Papa foi capaz de falar ao coração do mundo, porque mesmo aqui no Brasil, num grande continente e grande País, este discurso foi acolhido. E depois também as suas palavras sobre a cultura do encontro e não do descarte e marginalização são palavras que estão a entrar profundamente no coração e também afectam os responsáveis políticos!

D. – Na frente da segurança, falou-se até de uma bomba encontrada no último domingo em Aparecida: existe alguma preocupação a este respeito?
R. - Digamos que mais do que uma bomba era um pequeno dispositivo explosivo improvisado que foi encontrado num quarto de banho público, perto da Basílica. Certamente não estava relacionado com a pessoa do Papa. Portanto, as pessoas em causa não tiveram qualquer preocupação real.

D. - Hoje, o Papa vai descansar para recuperar do fuso horário, mas também pelas dez horas de voo. Prevê-se algum ‘fora do programa’?
R. - Mas o Papa é sempre capaz de inventar algo novo ... Portanto, eu não posso de modo nenhum garantir que será um dia completamente tranquilo. No entanto, creio que o Papa se propõe a ter um dia tranquilo, também para pensar nos dias sucessivos, preparar-se para os próximos dias, que não serão tranquilos mas, pelo contrário, muito densos. E’ claro que se o Papa quiser encontrar alguma pessoa do seu conhecimento, aprofundar algum colóquio, poderá fazê-lo livremente. Mas não penso que no dia de hoje existam eventos importantes com a participação do Papa. O evento importante é a Missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude que, no entanto, se tem realizado tradicionalmente sem a presença do Papa. Amanhã, tem o acolhimento dos jovens ao Papa e este é já um dos grandes eventos da JMJ.









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