Nas últimas semanas o Brasil que acolhe a Jornada Mundial da Juventude tem sido abalado
por uma série de manifestações de protesto com milhares de pessoas que saíram às ruas
nas maiores cidades do País para protestar contra a corrupção, o custo de vida e
o esbanjamento de dinheiro para os Mundiais de Futebol de 2014 e para pedir mais investimentos
na educação e na saúde. Os protestos ocorreram durante a ‘Confederation Cup’ para
demonstrar que o futebol já não é capaz de "narcotizar" os problemas que o País atravessa.
Os
protestos iniciaram no dia 11 de Junho, com as manifestações contra o aumento do preço
dos bilhetes de autocarro, mas rapidamente se transformaram num movimento mais amplo,
que pôs em causa a distribuição das riquezas no Brasil e o facto de que, a se beneficiar
dos hospitais e dos novos e brilhantes estádios desportivos, são apenas uns poucos.
Como canta um cínico provérbio brasileiro "tudo acaba em samba". Durante décadas,
aqueles que governavam o País contaram com este lugar comum, mas hoje a economia brasileira
- após o boom da década passada - começa a vacilar. Em 2012, o crescimento foi apenas
de 0,9%, uma percentagem que vê o País no fundo das economias emergentes do BRICS,
do qual o Brasil faz parte, juntamente com a Rússia, a Índia, a China e a África do
Sul. Em 2002, com a eleição de Lula da Silva o País, graças a investimentos bilionários,
lançou programas sociais para os pobres, com 30 milhões de brasileiros que passaram
da subsistência ao consumo, tornando-se classe média.
Com os primeiros sinais
de crise, as medidas económicas adoptadas pela Presidente Dilma Rousseff, encalharam
nos gânglios da burocracia governamental e o aumento da inflação causou o aumento
dos preços dos géneros alimentares e dos serviços. As autoridades esperam obter benefícios
dos Mundiais de 2014 e as Olimpíadas de 2016, mas as estruturas para acomodar estes
eventos, custaram muito mais bilhões do que o previsto. No Brasil agora se teme que
os protestos possam retomar durante a JMJ do Rio, aproveitando a visibilidade mundial
da presença do Papa, mas o arcebispo da cidade, D. Orani João Tempesta, garante que
o desejo expresso pelos manifestantes para construir uma civilização melhor, pertence
ao espírito da JMJ. E lhe faz eco o cardeal brasileiro Braz de Aviz, que afirma que
"não se pode procurar a solução dos problemas sociais fora da visão da fé, do mesmo
modo que não pode haver uma relação com Deus sem um empenho social profundo".