2013-07-17 16:45:50

Bangladesh: "bomba prestes a explodir"


Daca (RV) – “O Bangladesh é uma bomba prestes a explodir: um país extremamente pobre com graves problemas sociais e onde o elemento religioso é muitas vezes manipulado com fins políticos”. É a denúncia de Véronique Vogel, Responsável internacional da seção Ásia da Fundação Pontifícia “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS).

O momento delicado que vive o Bangladesh se repercute também sobre a pequena comunidade católica que tem apenas 318 mil fiéis numa população total de 164 milhões de habitantes – os muçulmanos, em sua maioria sunita, representam quase o 90%.

“Observamos o persistir das tensões com grande preocupação”, continua Vogel, denunciando o maciço trabalho de recrutamento dos grupos militantes – como o partido islâmico Hefajat-e-Islam – que nos últimos meses tomaram conta das ruas para pedir a aprovação de uma espécie de lei antiblasfêmia.

“Estão conseguindo novos seguidores e isso nos preocupa com o que está acontecendo no país. Em particular, as atenções estão voltadas para a Diocese de Dinajpur, onde os cristãos foram alvo de vários ataques de extremistas islâmicos”.

Um mês atrás o seminário interdiocesano “Jisu Dhyana Niloy”, que fica nesta Diocese no noroeste do País, foi alvo de um ataque de fundamentalistas que queriam matar o reitor e os 25 seminaristas, que conseguiram fugir e encontrar abrigo em outra estrutura. Este fato, provavelmente, originado por uma disputa por terras entre famílias cristãs e islâmicas. Para se vingar, os extremistas atingiam o seminário e três localidades de maioria cristã que ficam nas redondezas, agredindo dezenas de pessoas e destruindo várias casas.

Surpreso e angustiado por este ataque “sem qualquer motivação”, o Bispo de Dinajpur, Dom Sebastian Tudu, enviou uma carta à Ajuda Igreja que Sofre. “O que mais me entristece é pensar que nestas três localidades mulheres e crianças vivem no medo porque seus pais e maridos não se encontram mais em casa”.

O prelado informa ainda que a segurança da missão católica na localidade de Bulakipur, onde se encontra o seminário, está sendo garantida por 30 policiais para impedir novos ataques. “No começo do ano, o alvo dos extremistas islâmicos foram comunidades budistas, agora é a vez dos cristãos – continua Vogel -, no entanto o fator religioso não é o único motivo na raiz das tensões”.

O que alimenta as desordens são, sobretudo, motivos políticos e sociais e, até, a terra a ser cultivada: um bem realmente raro e precioso no Bangladesh. Alguns grupos tentam iludir camponeses pobres e com pouca instrução para entrar de posse de suas terras. “Se depois os proprietários de terras pertencem a grupos religiosos diferentes, a questão degenera rapidamente em conflito político-religioso”. (SP)







All the contents on this site are copyrighted ©.