Bispo de São Tomé, D. Manuel António, fala das primeiras jornadas da Plenária do SCEAM
(com Bernardo Suate, em Kinshasa)
Interpelado por Bernardo Suate, o Bispo de S. Tomé e Príncipe, D. Manuel António,
que participa na Plenária do SCEAM, conta como está a decorrer. A necessidade
de um sério diálogo inter-religioso (sobretudo no campo cultural e de valores sociais),
de modo particular com o Islão e os grupos pentecostais em África, e de uma certa
‘purificação da memória’ por meio de uma autocrítica por parte da Igreja para avaliar
o seu passado em relação com as outras religiões, e também uma análise das razões
que levaram a queda do cristianismo no Norte de África, no passado, para evitar que
o mesmo se repita hoje na região subsaariana (vistas as tentativas de uma certa islamização
da África Subsaariana), foram os temas dominantes nos debates do segundo dia de trabalhos,
quarta-feira, em Kinshasa, na Assembleia plenária do SCEAM (Simpósio das Conferências
Episcopais da África e Madagascar).
Partindo de experiências das Comissões
de Verdade e Reconciliação que alguns países em África tiveram, os presentes manifestaram
o desejo de ver a Igreja empenhada em experiências parecidas, mas forte na sua identidade
e conhecedora da própria fé e também dos outros. Para tal, a necessidade de investir
mais na catequese e formação, sobretudo das camadas juvenis (prestando maior atenção
aos contextos e a uma linguagem que lhes são próprios) e na preparação de uma liderança
política sensível à reconciliação, à justiça e à paz, no espírito da Doutrina social
da Igreja.
Duas conferências serviram de base de inspiração e guia aos trabalhos:
uma, de manhã, sobre “O papel das Comissões ‘Verdade e Reconciliação’ à luz da Africae
Munus”, pelo bispo nigeriano D. Matthew Hassan Kukah e outra, à tarde, sobre “Os movimentos
sociopolíticos na África do Norte e o diálogo inter-religioso”, as quais se seguiram
as discussões em grupos regionais e uma sessão plenária no fim do dia.