Cairo (RV) - O Xeque Ahmed al-Tayyip, membro da instituição mais tradicional
do islã sunita Al-Azhar, pediu nesta segunda-feira, 8, que os egípcios alcancem um
acordo para a reconciliação nacional “antes que o país caia na guerra civil”. Em mensagem
à nação, Tayyip pediu a libertação de todos os presos políticos, o retorno à democracia
em menos de seis meses, a formação de um comitê de reconciliação nacional em um máximo
de dois dias. Pediu ainda uma investigação urgente sobre o episódio ocorrido nesta
segunda-feira em frente à sede da Guarda Presidencial, que terminou com 51 pessoas
mortas e mais de 400 feridos.
A Irmandade Muçulmana disse que o que ocorreu
foi um “massacre” perpetrado pelo Exército e pela polícia contra manifestantes pacíficos.
Já as Forças Armadas atribuem as mortes a um ataque cometido por “um grupo terrorista”.
O xeque de Al-Azhar alertou sobre o risco de uma guerra civil e lembrou que já fez
isso em outras ocasiões. Tayyip revelou que ficará em sua casa “até que todos assumam
suas responsabilidades pelo derramamento de sangue”.
Tayyip, que teve grandes
divergências nos últimos meses com a Irmandade Muçulmana, pediu que se anuncie rapidamente
um calendário para o país, não superior a seis meses, para retomar o caminho democrático
da nação. O xeque também reivindicou a libertação de “todos os presos políticos” e
que não sejam realizadas novas detenções nem ataques contra nenhuma força política.
As autoridades fecharam a sede do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço
da Irmandade Muçulmana, depois que dezenas de dirigentes do grupo foram detidos nas
últimas semanas. “Convoco os egípcios a escutarem a voz da razão antes que seja tarde
demais. Imediatamente, deve cessar qualquer ação que possa causar o caos”, afirmou
o líder religioso. (SP)