Pe. La Manna sobre visita do Papa a Lampedusa: a indiferença é o verdadeiro inimigo
a ser derrotado
Cidade do Vaticano (RV) - Durante a homilia da missa celebrada na manhã desta
segunda-feira na ilha de Lampedusa – sul da Itália –, o Papa Francisco ressaltou com
veemência ter ido para fazer um gesto de proximidade em relação aos imigrados, mas
também para despertar as consciências a fim de que a frequente tragédia de morrer
no mar não se repita. A Rádio Vaticano ouviu o presidente da Fundação "Centro Astalli",
Pe. Giovanni La Manna. O "Centro Astalli" é a sede italiana do "Serviço dos Jesuítas
para Refugiados":
Pe. Giovanni La Manna:- "A mensagem deve ser forte
se verdadeiramente quisermos despertar as consciências e abrir os olhos, sobretudo,
daqueles que têm a responsabilidade de governar este fenômeno que diz respeito a muitas
pessoas. O Papa insistiu: não se repita, não se repita, por favor, a tragédia que
se tornou freqüente, morrer no mar."
RV: O Papa falou também sobre globalização
da indiferença: é um conceito que, também neste caso, leva todos nós a refletir...
Pe.
Giovanni La Manna:- "Sim, a indiferença é o verdadeiro inimigo que deve ser derrotado.
Ele fez referência ao Evangelho e a indiferença é passar, ver as pessoas em dificuldades
ou em realidades críticas, e dizer à própria consciência "não tenho nada com isso",
e seguir adiante. Isso não é possível, é preciso que cada um sinta o peso da própria
consciência desta realidade que é uma vergonha, que nos fará passar à história como
uma civilização bárbara."
RV: O Papa Francisco conseguiu levar a extrema
periferia para o centro do mundo também da mídia. Este é um resultado absolutamente
extraordinário...
Pe. Giovanni La Manna:- "O Papa, como pastor,
preocupado com as periferias e as pessoas em dificuldades, foi em visita a Lampedusa.
É significativo também que a imprensa, as televisões, tenham-no acompanhado. Creio
que o Papa Francisco tenha prestado um serviço também à imprensa, aos meios de comunicação,
a fim de que possam dar de modo diferente uma leitura da realidade, talvez mais próxima
da realidade vivida pelos refugiados que chegam a Lampedusa."
RV: O que
ficará nas imagens, em sua mente, dessa viagem do Papa Francisco a Lampedusa?
Pe.
Giovanni La Manna:- "Ficará certamente um testemunho. O Papa convidou-nos a não
sermos mestres, mas testemunhas. Ele o está fazendo e permanece este testemunho que
é autorizado, crível. Justamente espero que desperte as consciências, sobretudo, repito,
da comunidade internacional, que tem a responsabilidade de colocar fim a esta vergonhosa
página que se escreve há muito tempo." (RL)