Egito: Igrejas cristãs apoiam manifestações, mas temem guerra civil no país
Cairo (RV) - "É maravilhoso ver o povo egípcio que - através da idéia do movimento
Tamarod (‘rebelião’) e seus jovens -. retoma, de forma pacífica, uma revolução que
lhes foi roubada". Este foi o Tweet do Patriarca Copta Tawadros II, após as manifestações
que levaram milhões de pessoas às ruas para exigir a renúncia do Presidente egípcio
Mohammed Mursi.
Na noite de segunda-feira - poucas horas após o comunicado
do exército que deu um ultimato de 48 horas para que as forças políticas cheguem a
uma solução que "ouça a voz do povo" – o líder da maior Igreja cristã do Egito manifestou-se
igualmente com uma mensagem clara: "Quero prestar uma homenagem aos três grandes do
Egito: o povo, o exército e os jovens". Tawadros II destaca assim, o papel dos jovens
na transformação do país, apontando para um caminho que não represente um retrocesso
à era Mubarack.
As Igrejas cristãs no Egito passaram a ter uma posição crítica
em relação ao governo de Mohamad Morsi, especialmente a partir de outubro passado,
quando todos seus representantes demitiram-se da Assembeia Constituinte, em protesto
contra as tentativas de islamização das leis do país. Tawadros II, junto às outras
Igrejas, sempre defendeu que o Egito “deve ser um lar para todos”.
O Patriarca
Copto-católico, Ibrahim Isaac Sidrak, por sua vez, expressou numa entrevista para
o site terrasanta.net, seu desejo de que a tensa situação no Egito não desencadeie
numa guerra civil: “o risco existe porque a situação é muito confusa. A revolução
lançada pelos jovens suscitou tantas esperanças, tantas ambições de poder dar uma
vida decente para os egípcios, mas há um ano da eleição do presidente Mohammed Morsi,
vemos o país andar para trás, em vez de ir para a frente. Certamente – reconheceu
ele -, existe maior liberdade em relação à era Mubarak, maior abertura para expressar
as críticas, mas a inexperiência dos dirigentes políticos e a tentativa da Irmandade
Muçulmana em colocar pessoas suas em cada canto das instituições não-eletivas, provocaram
uma forte oposição, um crescente sentimento anti-islâmico, e a desconfiança das pessoas
ao ver que a Irmandade Muçulmana promete uma coisa e faz outra".
Milhares
de pessoas estão nas ruas:"Elas não têm medo - observou Sidrak. Com a Revolução, descobriram
a liberdade e pretendem lutar com o resto da população para ter uma vida digna para
ser vivida, uma vida digna para as pessoas. Existe uma certa liberdade que se está
se desenvolvendo, cristãos e muçulmanos tentam construir uma cidadania pela qual eles
tanto lutaram, lado a lado, durante a revolução". (JE)