Papa e bispos devem crescer em colegialidade, afirma Francisco na imposição do pálio
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu na manhã deste sábado à
Santa Missa na Basílica Vaticana, por ocasião da Solenidade dos Apóstolos São Pedro
e São Paulo (no Brasil será celebrada neste domingo, 30), padroeiros da Igreja de
Roma.
A cerimônia teve início com o rito da imposição do pálio, símbolo de
comunhão com o Bispo de Roma, a 34 novos Arcebispos metropolitanos, entre os quais
três brasileiros: Dom Antônio Carlos Altieri, da Arquidiocese de Passo Fundo (RS),
Dom Sérgio Eduardo Castriani, Arcebispo de Manaus (AM), e Dom Moacir Silva, Arcebispo
de Ribeirão Preto (SP).
A presença de Bispos de todo o mundo, disse o Papa
em sua homilia, torna esta festa ainda mais jubilosa, pois constitui uma enorme riqueza
que faz reviver, de certa forma, o evento de Pentecostes: “Hoje, como então, a fé
da Igreja fala em todas as línguas e quer unir os povos numa só família”.
O
Pontífice desenvolveu três pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo
“confirmar”. Em primeiro lugar, confirmar na fé. O Evangelho fala da confissão de
Pedro: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”, uma confissão que não nasce dele,
mas do Pai celeste. É por causa desta confissão que Jesus diz: “Tu és Pedro, e sobre
esta Pedra edificarei a minha Igreja”. “O papel, o serviço eclesial de Pedro tem o
seu fundamento na confissão de fé em Jesus, o Filho de Deus vivo, tornada possível
por uma graça recebida do Alto”, explicou Francisco, que todavia advertiu para o perigo
de pensar de forma mundana.
“Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos,
os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar
pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida
de cristãos e de ministros na Igreja!”
Em segundo lugar, o Bispo de Roma é
chamado a confirmar no amor. Na segunda leitura, São Paulo diz: “Combati o bom combate,
terminei a corrida, permaneci fiel”. O combate ao qual o Apóstolo se refere não é
o das armas humanas, “que infelizmente ainda ensanguenta o mundo”, mas o combate do
martírio.
“São Paulo tem uma única arma: a mensagem de Cristo e o dom de toda
a sua vida por Ele e pelos outros. (...) O Bispo de Roma é chamado a viver e confirmar
neste amor por Cristo e por todos, sem distinção, limite ou barreira. E não só o Bispo
de Roma: todos vocês, novos arcebispos e bispos, têm a mesma tarefa: deixar-se consumar
pelo Evangelho. A tarefa de não se poupar, sair de si a serviço do santo povo fiel
de Deus.”
Por fim, o Sucessor de Pedro deve confirmar na unidade. Francisco
se dirigiu diretamente aos Arcebispos para falar que a presença deles nesta cerimônia
é o sinal de que a comunhão da Igreja não significa uniformidade e não só, é preciso
reforçar a colegialidade: “Devemos caminhar por esta estrada da sinodalidade, crescer
em harmonia com o serviço do primado”.
Na Igreja, disse o Papa, a variedade
sempre se funde na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos
concorrem para formar o único grande desígnio de Deus. “E isto deve impelir a superar
sempre todo o conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças. Não
há outra estrada católica para nos unir. Este é o espírito católico, este é o espírito
cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus!”
Como é tradição
desde 1969, uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla participou da
celebração – presença que é retribuída por ocasião da Festa de Santo André, em 30
de novembro.