Confirmar na fé, no amor e na unidade - Papa na Liturgia da festa de São Pedro e
São Paulo. Impôs o Pálio a 34 novos arcebispos metropolitas
Uma importante cerimónia litúrgica na Basílica de São Pedro Presidida pelo Papa Francisco
e animada pelo coro da Igreja de São Tomás de Lípsia, na Alemanha, marcou neste dia
29 de Junho as comemorações da solenidade de São Pedro e São Paulo. Data em que, tradicionalmente,
o Papa impõe o Sagrado Palio a arcebispos metropolitas de várias partes do mundo.
Desta vez eram 34 arcebispos da África, Ásia, Europa e Américas. De entre eles, D.
Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, D. Cláudio Dalla Zuanna, arcebispo da Beira,
em Moçambique, três arcebispos brasileiros, e outros dois africanos: D. Joseph Effiong
Ekuvem, arcebispo de Calabar, na Nigéria, e D. Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de
Bangui, capital da República Centro Africana. Uma presença mundial que, disse o Papa
na sua homilia, torna esta solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, padroeiros principais
da Igreja de Roma, ainda mais jubilosa. O Papa assinalou também a presença da
Delegação do Patriarcado de Constantinopla, guiada pelo Metropolita Ioannis, e o
Coro a que já nos referimos, sublinhando o carácter ecuménico que isso tudo dava a
essa Sagrada Liturgia…
O Papa Francisco centrou depois a sua homilia em três
pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo confirmar. O Bispo de Roma
é, de facto, disse, chamado a confirmar na fé, no amor e na unidade.
Desenvolvendo
depois cada um destes pensamentos, Francisco retomou as palavras do Evangelho relativas
à confissão de Pedro a Jesus “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, confissão ditada
por Deus e que leva Jesus a dizer-lhe “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei
a minha Igreja”. O serviço de Pedro tem o seu fundamento na confissão de fé em Jesus,
mas há sempre o perigo de pensar de forma mundana, advertiu o Papa, recordando que
quando Jesus fala do caminho de Deus que não corresponde ao caminho do poder, dizendo
que há-de morrer e ressuscitar, Pedro responde: “Isso não Te há-de acontecer”. Jesus
retorquiu duramente vendo nisso, uma tentação, um estorvo. E o Papa acrescentou:
“Quando
deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder
humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de
tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!”
Quanto ao segundo pensamento, confirmar no amor, o Papa citou as palavras
de São Paulo - “combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel” - perguntando-se
de que combate se trata. E respondeu que não se trata do “combate das armas humanas
que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo”, mas sim do martírio. São Paulo – disse
– tem uma única arma, a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida por Cristo e
pelos outros.
“E foi precisamente este facto de expor-se em primeira pessoa,
deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos sem se poupar, que o tornou
credível e edificou a Igreja.”
O Papa recordou que é tarefa do bispo de Roma
viver e confirmar a todos nesse amor, sem limites nem barreiras. Mas não só ele, acrescentou
improvisando…
“E não só o bispo de Roma: todos vós novos arcebispos e bispos,
tendes a mesma tarefa: deixar-vos consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos.
A tarefa de não se poupar, sair de si ao serviço do santo povo fiel de Deus” .
Em
relação ao terceiro ponto da sua homilia - confirmar na unidade - o Papa deteve-se
sobre o significado o Sagrado Pálio, “símbolo de comunhão com o Sucessor de Pedro,
“principio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão”. Unidade
que não significa, todavia, uniformidade, mas sim riqueza, onde todos concorrem para
o desígnio de Deus – sublinhou Francisco, citando o Concilio Vaticano II, segundo
o qual o Senhor “constituiu os Apóstolos em forma de colégio ou grupo estável, à cabeça
do qual, pôs Pedro, escolhido de entre eles”. E o Papa indicou a unidade, a harmonia
entre o Sínodo dos Bispos e o primado o modelo a seguir:
“Devemos ir pelo
caminho da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado. (…) Unidos
na diferença: não há outro caminho católico para nos unirmos. Este é o espírito católico,
o espírito cristão: unir-se na diferença. Este é o caminho de Jesus. Isto deve levar
sempre a ultrapassar todos os conflitos que ferem o corpo da Igreja. Na Igreja a
variedadade que é riqueza funda-se sempre sobre a harmonia da unidade. O Palio,
é sinal de comunhão com o bispo de Roma, com a Igreja universal, com o Sínodo dos
Bispos, é também um empenho para cada um de vós a ser instrumentos de comunhão”.
O
Papa concluiu a sua homilia recomendando aos novos arcebispos, a todos, que ponham
em prática estas incumbências que os Apóstolos Pedro e Paulo lhes confiam: ser servidores
na unidade. E pediu para todos a guia e intercepção de Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos…
Durante essa missa ecuménica, em latim, inglês, italiano e espanhol, a oração
dos fieis foi também feita em várias línguas desde o hindi ao chinês e ao polaco.
Não faltou uma em português….
Oração…
“Que a Esposa do Cordeiro,
Confesse com coragem e testemunhe com alegria a fé no Senhor e seja para todos
os homens um farol luminoso que orienta nas tempestades da vida…”