Concílio Vaticano II: as relações da Igreja com o mundo comunista
Cidade do Vaticano (RV) - No espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio
Vaticano II, vamos continuar a abordar o contexto em que se deu a convocação do Concílio.
Na edição de hoje, vamos tratar da Igreja e sua relação com o mundo comunista.
O
mundo do pós-guerra estava mergulhado na Guerra Fria, dividido entre o comunismo dos
países do Leste Europeu capitaneados pela União Soviética e o capitalismo nos países
do Ocidente, influenciados pelos Estados Unidos.
O marxismo concretizou-se
historicamente nos países comunistas. Levado por alguns extremos, encontrou uma religião
que de certa maneira impedia certos processos transformadores da realidade. Começou
então a perseguição à Igreja católica, à Igreja Evangélica e à Ortodoxa. Muitos homens
da Igreja foram perseguidos, presos, torturados, viram o lado obscuro e a maldade
do comunismo. Certamente, em função do que viveram, não iriam defendê-lo. A perseguição
acabou gerando dentro da Igreja um sentimento anticomunista cada vez mais forte. Havia
motivos sérios em se ter certas precauções contra o marxismo e contra o comunismo.
No
Concílio Vaticano II, a Itália e a Alemanha tinham uma grande influência. Estes dois
países possuíam certas características peculiares em relação ao comunismo. Na Itália,
o Partido Democrata Cristão era muito ligado a Igreja. De Gaspari, o primeiro grande
Primeiro-ministro depois da Guerra, era católico e a Igreja tinha vinculações fortes
com o PDC. O Partido Comunista, por sua vez, estava para chegar ao poder, era o grande
adversário. A tensão era fortíssima entre os dois partidos. Este antagonismo criou
uma relação negativa em relação ao comunismo.
Na Alemanha acontece um processo
semelhante. No dia 23 de maio de 1949, os aliados ocidentais promulgaram a Lei Fundamental,
elaborada por um conselho parlamentar, dando origem à República Federal da Alemanha
(RFA). O novo Estado tinha como capital Bonn.
A União Soviética, que integrara
a zona leste do país à sua estrutura de poder, não ficou atrás, anunciando, em outubro
de 1949, a fundação da República Democrática Alemã (RDA), tendo Berlim Oriental como
capital. Seu regime era comunista e de economia planificada, dando prosseguimento
à socialização da indústria e ao confisco de terras e de propriedades privadas.
O
teólogo jesuíta Padre João Batista Libânio viveu na Alemanha nesta época e nos conta
como era esta Alemanha dividida: