Egito: na ordem do dia a questão da liberdade religiosa
Cairo (RV) - A questão da liberdade religiosa e da islamização da sociedade
egípcia está de novo na ordem do dia depois de duas condenações judiciais de pessoas
acusadas de desrespeito a símbolos religiosos. A novidade – segundo Rádio Renascença
- é que um destes dois casos envolve um muçulmano condenado por rasgar uma Bíblia.
No segundo caso, uma professora foi multada em mais de 10.500 euros por ter desrespeitado
o Islã e Maomé.
Demiana Abdel Nour, de 24 anos, é acusada de ter dito que
o ex-líder dos cristãos egípcios, Shenouda III, tinha feito mais milagres que Maomé;
foi acusada ainda de ter colocado as mãos sob o estômago cada vez que dizia o nome
do fundador do Islã, como se estivesse enjoada. A acusação baseou-se na queixa dos
pais de alguns alunos, apesar de muitos outros estudantes garantirem que era tudo
mentira.
Já Ahmed Abdullah, - informa a rádio portuguesa -, um clérigo fundamentalista,
foi condenado a 11 anos de prisão por rasgar e queimar uma Bíblia durante uma manifestação
em setembro, diante da embaixada americana no Cairo. A referida manifestação fora
convocada para protestar contra o filme anti-islâmico produzido por cristãos de origem
egípcia radicados nos Estados Unidos.
As condenações por blasfêmia estão se
tornando cada vez mais comuns no Egito, mas é raro um muçulmano ser acusado, e muito
mais condenado. No último mês, além da professora condenada em Luxor, um escritor
foi condenado a cinco anos de prisão por promover o ateísmo e um advogado cristão
foi condenado a um ano por insultar o Islã durante uma conversa informal.
Desde
a queda do regime de Mubarak foram registrados mais de 24 casos e em quase todos os
acusados foram condenados, afirma o jornal americano “The New York Times”, que investigou
o fenômeno. Pelo menos 13 condenações resultaram em prisão efetiva.
A islamização
da sociedade e do regime egípcio está preocupando muitos egípcios, incluindo a comunidade
cristã, cerca de 10% do total. (SP-RR)