2013-06-20 12:44:50

A atual crise não pode ser álibi para descuidar o respeito da pessoa e da sua dignidade: Papa Francisco à Conferência da FAO


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“A pessoa e a dignidade humana não podem continuar a ser tratadas como uma abstracção”; urge contrastar “os interesses económicos míopes e a lógica de poder de uns poucos, que excluem a maioria da população mundial”: advertiu o Papa Francisco, recebendo nesta quinta-feira, no Vaticano, os participantes na trigésima oitava sessão anual da FAO – o organismo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que tem a sua sede em Roma. Falando em espanhol, o Santo Padre considerou que “não se pode continuar a invocar como álibi a actual crise global, da qual aliás não se poderá sair enquanto não se tomarem em consideração as situações e condições de vida à luz da dimensão da pessoa humana e da sua dignidade”.
Ora, sublinhou o Papa , “a pessoa e a dignidade humana correm o risco de se converterem numa abstracção, perante questões como o uso da força, a guerra, a desnutrição, a marginalização, a violação das liberdades fundamentais ou a especulação financeira, que neste momento condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como uma mercadoria qualquer e esquecendo o seu destino primário”.
“No actual contexto internacional, há que propor a pessoa humana e a dignidade humana… como os pilares sobre os quais construir regras partilhadas e estruturas que, superando o pragmatismo e o mero dado técnico, sejam capazes de eliminar as divisões e colmatar as diferenças existentes.”
Qualquer reforma autêntica corresponde a uma “tomada de consciência da responsabilidade de cada um, reconhecendo que o próprio destino está ligado ao dos outros”. A todos se pede “uma abertura do coração”, para “superar o desinteresse” e “prestar atenção, com urgência, às necessidades imediatas, confiando ao mesmo tempo que amadureçam no futuro os resultados da acção de hoje”.
Neste Dia Mundial do Refugiado, o Papa aludiu também à situação da “erradicação do seu próprio ambiente de pessoas, famílias e comunidades” em razão das graves crises alimentares, para além das que são causadas por desastres naturais ou por conflitos sangrentos”.
“É uma dolorosa separação que não se limita à terra natal, mas que se estende também ao âmbito existencial e espiritual, ameaçando e por vezes destruindo as poucas certezas que tinham. Este processo, que já se tornou global, requer que as relações internacionais restabeleçam esta referência aos princípios éticos que as regulam e redescubram o autêntico espírito de solidariedade”.








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