Papa pede aos fiéis e às comunidades da sua diocese de Roma coragem e paciência e
que não se envergonhem do Evangelho
A partir de ontem
e ao longo de três dias, pastores e leigos mais empenhados da diocese de Roma reúnem-se
num encontro eclesial que tem como tema “Cristo, Tu és-nos necessário. A responsabilidade
dos baptizados no anúncio de Jesus Cristo”. Interveio na abertura dos trabalhos, nesta
segunda-feira à tarde, na Sala Paulo VI, do Vaticano, o Papa Francisco, que falou
ao longo de quarenta minutos, numa catequese em que comentou a expressão paulina “Eu
não me envergonho do Evangelho”. Um longo aplauso, tendo como pano de fundo música
executada pela orquestra da diocese de Roma, acolheu um Papa Francisco sorridente,
que sublinhou na sua reflexão o que significa viver já não sob a lei, mas sob a graça
e qual a relação que tal representa para a evangelização. Graça – observou – é a nossa
alegria, é a nossa liberdade de filhos de Deus, é a revolução que nos transformou
o coração, de pecadores em santos, como são Paulo. Esta graça que nos é dada gratuitamente,
devemos também nós dá-la gratuitamente aos outros – explica o Papa Francisco, que
se refere também à situação concreta que se vive em Roma, com tanta gente que procura
em vão razões de esperança: “No meio de tantos sofrimentos, de tantos problemas
que há aqui em Roma, há pessoas que vivem sem esperança, e se encontram imersas numa
profunda tristeza, da qual procuram sair pensando encontrar a felicidade no álcool,
na droga, no jogo da sorte, no poder do dinheiro, na sexualidade desregrada”. Nós,
cristãos (observa o Papa, repetidamente interrompido pelos aplausos) devemos oferecer
esperança com a nossa alegria. E como? Com o sorriso e sobretudo com a esperança.
Testemunhar exige coragem e paciência, as duas virtudes de São Paulo e de todos os
cristãos. “o cristão deve ser corajoso e perante o problema, perante uma crise
social, religiosa, dever a coragem de caminhar em frente, com coragem. E quando não
se pode fazer nada, com paciência: suportando. Suportar. Coragem e paciência, estas
duas virtudes de Paulo”. É nessa atitude que estamos chamados a ir ao encontro
das pessoas, saindo de nós próprios: “Sair de nós próprios… Sair das nossas comunidades
para ir ali onde vivem, trabalham e sofrem os homens e as mulheres, e anunciar-lhes
a misericórdia do Pai que se deu a conhecer em Jesus de Nazaré”. Se na Quinta-feira
Santa o Papa Francisco tinha pedido aos padres e párocos que fossem “pastores com
o cheiro das ovelhas”, desta vez alargar idêntico apelo aos leigos: “A vós, caros
irmãos e irmãs, eu digo: sede por toda a parte portadores da Palavra da vida nos nossos
bairros, nos lugares de trabalho e em toda a parte onde as pessoas se encontram e
relacionam. Tendes de sair, ir fora. Não compreendo as comunidades cristãs que permanecem
fechadas na paróquia… Quando uma comunidade fica fechada, sempre entre as mesmas
pessoas que falam, esta comunidade – adverte o Papa - não dá a vida: “É uma comunidade
estéril, não é fecunda. A fecundidade do Evangelho vem pela graça de Jesus Cristo
mas através de nós, da nossa pregação, da nossa coragem, da nossa paciência”. (PG)