Cidade do Vaticano (RV) - O Rei Davi comete
pecados gravíssimos e não se dá conta do que fez, desconhece totalmente sua responsabilidade.
A graça de Deus vai em seu socorro através da palavra do Profeta Natã.
A pedagogia
do profeta se baseia em não falar diretamente ao rei, que ele pecou, mas conta a história
colocando a responsabilidade do fato em uma terceira pessoa. O senso de justiça de
que Davi é possuidor vem à tona e ele se indigna de tal modo que condena à morte tal
pecador. Nesse momento Natã declara que ele, Davi, é o pecador da história. Davi
tem a luz, a compreensão e diz: “Pequei contra o Senhor”.
Davi estava acorrentado
à sua cobiça e isso o impedia de se reconhecer pecador e de ser contrito. Precisou
a graça de Deus, através da visita do Profeta, para que ele tivesse a lucidez necessária.
No
Evangelho, temos algo semelhante. Um fariseu – exatamente um daqueles que queriam
se destacar pelo perfeito cumprimento da Lei – oferece um jantar festivo a Jesus.
Com a porta da casa aberta e a multidão na entrada – era Jesus quem estava lá dentro
– uma pecadora adentra na residência e vai para a sala do banquete. Ela busca Jesus!
Posta-se atrás do Senhor e chora tanto seus pecados que lava os pés de Jesus com suas
lágrimas. Em seguida os enxuga com seus cabelos, os cobre de beijos e os unge com
perfume. A cena é fantástica: o Mestre recebe homenagem afetuosa de uma pecadora!
Um simples empregado não faria isso, lavaria com água, mas não os enxugaria com seus
cabelos e nem os beijaria.
Nesse instante, o dono da casa faz um juízo depreciativo
em relação a Jesus. Se ele soubesse quem ela era, não permitiria que a cena ocorresse.
O Senhor lê o pensamento do anfitrião e vai abrir para a ele as portas do Céu. Chegou
a hora da graça para Simão!
Jesus lhe conta uma história e lhe pergunta, ao
final, qual dos dois devedores perdoados amariam mais o credor? Simão responde que
seria o que foi mais perdoado. Jesus o elogia pelo juízo correto e traz para a conversa
a situação pouco antes vivida. O Mestre diz que os pecados da mulher foram perdoados
porque ela muito amou e que ele, Simão, cometeu várias omissões em relação ao seu
homenageado. O não cumprimento das prescrições para bem acolher, mostrou desatenção
para com o convidado.
Pecar está na área da desatenção, do menosprezo e tem
suas implicações na questão do amor de Deus.
Davi e Simão, o fariseu, tiveram
dificuldade em se aceitarem pecadores. Foi preciso a intervenção divina.
E
nós? Reconhecemo-nos pecadores? Também estamos acorrentados ao nosso “complexo de
perfeição”, com a consciência errada de que jamais pecamos? Se nos sentirmos pecadores
e nos arrependermos, o amor virá a nós e seremos perdoados.
Em sua Carta aos
Gálatas, Paulo escreveu que “ninguém é justificado por observar a Lei de Moisés, mas
por crer em Jesus Cristo” e Jesus Cristo é a misericórdia de Deus. Em Cristo tudo
é graça! Fomos perdoados e redimidos pelo amor de Jesus. (CA)