Cardeal Tauran: religião, se violenta, não é religião
Cidade do Vaticano (RV) - "As religiões são causa de amor, unidade e paz, e
se uma religião ensina o contrário, então não é uma religião": foi o que disse na
manhã desta sexta-feira, em Londres, o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, encontrando a comunidade jainista.
De
fato, desde esta quarta-feira, dia 12, o purpurado francês encontra-se na Inglaterra,
onde ficará até o próximo domingo, dia 16. A finalidade da visita oficial é "afirmar
e reforçar as boas relações inter-religiosas neste país" e "demonstrar que a amizade
entre as religiões é, por si mesma, um pressuposto para a construção da paz".
Em
particular, no encontro realizado na manhã desta sexta-feira, o purpurado deteve-se
sobre o tema "Católicos e jainistas – A prática da não-violência como contribuição
para a paz", e disse:
"Numa época em que a violência, em várias e múltiplas
formas, tornou-se a maior preocupação em muitas partes do mundo porque desestabiliza
a paz nas famílias, nas comunidades e em toda a sociedade", a prática da não-violência
torna-se "um imperativo quer para os católicos, quer para os jainistas", considerando
que ambos "dão prioridade a uma vida de amor e de rejeição à violência".
Em
seguida, o Cardeal Tauran evidenciou que, embora a "não-violência" se apresente, etimologicamente,
como negativo, todavia, em sentido positivo ela significa compaixão e amizade em relação
a todos os seres vivos.
Tudo isso, ressaltou, implica que "fiéis e homens de
boa vontade honrem a dignidade de todo ser humano e que, para além das diferenças
oriundas da religião ou de outros fatores, se reconheça a responsabilidade de pertencer
todos a uma mais ampla família humana para contribuir, pessoalmente e coletivamente,
ao desenvolvimento integral de cada um no amor, na justiça, na liberdade e na harmonia,
em favor da paz e da prosperidade do mundo".
Quanto ao "fundamentalismo crescente
e às tensões inter-religiosas que atualmente se verificam em várias partes do mundo",
o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso reiterou que uma
religião, se é violenta, não pode definir-se religião.
Por fim, o purpurado
recordou alguns grandes exemplos de não-violência, como Mahatma Gandhi e Martin Luther
King, e citou as palavras de dois Pontífices: Paulo VI que em 1978 disse "Não à violência,
sim à paz"; e Bento XVI que no Angelus de 18 de fevereiro de 2007 exortou os
fiéis a contrastarem a violência com "um suplemento de amor, um suplemento de bondade",
que "vem de Deus e que é a sua misericórdia". (RL)