Um grupo de médicos veteranos de Moçambique, dentre os quais o ex-primeiro ministro
Pascoal Mocumbi, apelaram ao Presidente da República para encontrar uma solução definitiva
para a greve na Saúde, que já dura há três semanas.
Numa carta, citada
no jornal Notícias de Maputo, dirigida ao presidente da República Armando Guebuza
os subscritores, exprimem "a sua indignação face à actual situação na Saúde" e apelam
à sua intervenção para a solução da situação.
Os médicos afirmam que as
condições de trabalho e a vida dos profissionais da Saúde degradaram-se de forma acentuada
nos últimos tempos, sobretudo para os jovens médicos e para os pós-graduados que recebem
"salários de miséria".
Contestam também o facto de o orçamento do Estado
para a Saúde ter baixado nos últimos seis ou sete anos em cerca de 50% enquanto em
alguns sectores aumentou 10 vezes mais. Denunciam ainda "situações de coacção, intimidação,
demissão e repressão" exercidas sobre os profissionais da Saúde, que dizem contraditórias
com o reconhecimento da legitimidade da greve.
Em conformidade coma mesma
fonte, o documento é assinado por 85 médicos, entre os quais Pascoal Mocumbi, veterano
dirigente histórico da Frelimo, partido no poder.
Ainda em Moçambique e em
conformidade com a médica chefe provincial o número de mortes maternas e neonatais
aumentou na província de Tete, a médica fez essa afirmação quando intervinha na palestra
sobre a prevenção de cancros do colo do útero, da mama e da próstata.
Até
ao final do primeiro trimestre deste ano, 21 mulheres e cerca de 300 recém-nascidos
perderam a vida nas unidades sanitárias da província, devido a vários factores, dentre
os quais complicações de parto, saúde precária das mães, pobreza e HIV/Sida, disse
Mulassua Simango.
Segundo a responsável, estes números representam um aumento
de 10 casos nos óbitos das mulheres e de mais de 80 casos no total de mortes de recém-nascidos,
quando comparados com igual período de 1012. Segundo um outro dado avançado pela médica
chefe provincial, registou-se um aumento de partos institucionais, em relação aos
anos anteriores.
"Realizámos, até ao primeiro trimestre deste ano, 15.142
partos institucionais o que corresponde a uma evolução de 25,1% em relação ao ano
de 2012", disse Mulassua Simango. Em Moçambique morrem 11 mulheres por dia devido
a complicações durante a gravidez, e 30 mil bebés, de um total de um milhão de nascimentos,
não resistem aos primeiros 28 dias de vida.