Card. Tauran: "Devemos reconhecer a ação do Espírito Santo no coração dos homens de
nosso tempo".
Roma (RV) - “Mesmo nas circunstâncias mais trágicas, Deus pode fazer surgir
a vida. Devemos nos perguntar se somos verdadeiramente, como cristãos, autênticas
testemunhas deste Deus que é, ao mesmo tempo, poderoso e bom”. Foi o que afirmou o
Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis
Tauran, na missa celebrada neste domingo na Igreja Santo Stefano, em Piobbico (Província
de Pesaro e Urbino), no âmbito do Fórum da Cultura Cristã.
“Devemos reconhecer,
com gratidão - disse o Purpurado -, a ação do Espírito Santo no coração dos homens
de nosso tempo. Penso aos pequenos gestos de atenção, de respeito, de delicadeza,
ao imenso patrimônio de voluntariado, à sede de justiça, à retidão moral de tantos
homens. Tudo isto é sinal da ação do Espírito de Jesus no coração dos homens”. “Tantas
vezes, em meio à incoerência, à intolerância, às injustiças do mundo em que vivemos
– prosseguiu - existe quem tem a coragem de convidar a uma maior qualidade de vida,
a um uso mais justo dos bens da terra e, neste mundo em evolução os homens se interrogam
sobre o sentido de suas vidas, dos seus sofrimentos, da sua morte”. “Todas estas perguntas,
na realidade, não são outra coisa que um chamado de Deus, que bate à porta do coração
do homem”.
O Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso
advertiu, que “nós, cristãos, devemos estar atentos para não ver o mundo em maneira
somente negativa. Não se trata de viver no passado ou de querer se refugiar do futuro.
Trata-se de viver como cristãos hoje, isto é, de acolher a novidade de Cristo ressuscitado,
inventando talvez um novo estilo de relações na família, na cidade, para abrir um
caminho de encontro, de partilha, de troca”.
“O Papa Francisco – afirmou –
nos convida sempre à esperança e deseja que a Igreja seja sempre mais transparente.
Radicada há séculos numa civilização à qual contribuiu para elaborar os fundamentos,
a Igreja vive hoje inserida em uma nova cultura que não pára de desdobrar-se e da
qual ninguém sabe muito bem aonde nos levará”.
Recordando o cientista francês
Jean Rostand, agnóstico, mas que buscou Deus por toda a vida, o Cardeal sugeriu: “é,
portanto, também para nós, o momento de permitir um novo modo de existir nestas 'novas
terras', para sermos, onde vivemos e trabalhamos, sinal do Reino de Deus, que veio
e que vem. Não nos deixemos impressionar pelas fraquezas de alguns de nossos irmãos,
nem intimidar pelos profetas do infortúnio. A Igreja é antes de tudo a Igreja de Jesus
Cristo, vencedor do mal e da morte”. (JE)