Papa ao Presidente Napolitano: Defender e promover a liberdade religiosa para todos
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado, no
Vaticano, o Presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano.
"A sua visita,
Sr. Presidente, se insere numa história de longas relações e mais uma vez confirma,
depois de eventos também conturbados e dolorosos, a normalidade e a excelência das
relações entre Itália e Santa Sé. Estas relações se desenvolveram especialmente depois
da Conciliação e a inserção dos Pactos Lateranenses na Constituição italiana, portanto,
numa nova ótica, depois do Concílio Ecumênico Vaticano II e do Acordo de Revisão da
Concordata", disse o Santo Padre ao Presidente Napolitano.
"Na Itália, a colaboração
entre Estado e Igreja, sempre voltada para o interesse do povo e da sociedade, se
realiza na relação cotidiana entre os órgãos públicos e da comunidade católica, representada
pelos bispos e seus organismos, de uma forma muito especial pelo Bispo de Roma. Assim,
esta primeira visita do Presidente ao Papa, depois de sua participação na missa de
início do ministério petrino, pode ser expressa de forma eficaz com a imagem das duas
colinas, o Quirinal e o Vaticano que se olham com estima e simpatia", disse o pontífice.
O
Papa lembrou que este ano celebra-se o XVII centenário do Edito de Milão, visto por
muitos, como símbolo da primeira afirmação do princípio da liberdade religiosa. "Um
século atrás, a celebração deste aniversário representou uma etapa no processo histórico
que favoreceu a tomada de consciência e a contribuição dos católicos na construção
da sociedade italiana, uma contribuição que continua sendo importante para o progresso
da nação", disse ainda Francisco.
Falando sobre a liberdade religiosa, o Papa
destacou que "no mundo de hoje, a liberdade religiosa é muitas vezes violada e submetida
a vários tipos de ameaças. As ofensas graves contra esse direito primário são fontes
de preocupação e precisa da reação unânime dos países do mundo em reafirmar, contra
todo atentado, a dignidade inviolável da pessoa humana. É um dever de todos defenderem
a liberdade religiosa e promovê-la para todos. Na proteção partilhada desse bem moral
se encontra também a garantia de crescimento e desenvolvimento de toda a comunidade",
disse o pontífice.
Francisco frisou ainda que "num momento de crise como o
atual é urgente que possa crescer, sobretudo entre os jovens, uma nova consideração
do compromisso político, e que fiéis e não fiéis juntos colaborem juntos na promoção
de uma sociedade em que as injustiças possam ser superadas, toda pessoa seja acolhida
e possa contribuir para o bem comum, segundo a própria dignidade e colocando à disposição
suas capacidades".
"Até mesmo na esfera civil é verdade que a fé nos assegura:
nunca devemos perder a esperança. O povo italiano, buscando com confiança e criatividade
da rica tradição cristã, dos exemplos de seus santos patronos Francisco de Assis e
Catarina de Sena, das numerosas figuras religiosas e leigas e do testemunho silencioso
de muitas mulheres e homens, pode e deve superar todas as divisões e crescer na justiça
e na paz, continuando a desempenhar o seu papel único no contexto europeu e na família
das nações", concluiu o Papa Francisco. (MJ)