Belo Horizonte (RV) - Os bispos das dioceses do Espírito Santo e de Minas Gerais,
que formam o Regional Leste 2 - um dos 18 regionais que compõem a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) - se encontraram em Belo Horizonte para a reunião do Conselho
Episcopal. O encontro reuniu mais de trinta bispos, acompanhados dos padres que têm
a exigente tarefa de coordenar e articular a ação evangelizadora em cada diocese.
As
questões refletidas e as preocupações compartilhadas mostram bem a importância do
trabalho da Igreja Católica no Espírito Santo e em Minas. Essa presença histórica
da Igreja servidora, promotora da vida e anunciadora do Evangelho é uma incontestável
força na geração de uma cultura da paz. A trajetória da Igreja nesses estados conta
com um acervo de personagens, fatos e projetos, iluminados pelos valores do Evangelho,
que lamentavelmente são pouco conhecidos, mesmo no interior da própria Igreja. Essa
“memória curta”, não rara no contexto da cultura que nos baliza a vida, faz perder
oportunidades de ouro para se deixar afetar por um passado que, iluminando o presente,
o modifica.
Os bispos se detiveram na análise da conjuntura eclesial e social
buscando entender mais lucidamente a realidade pós-moderna, suas exigências e complexidades.
É clara a consciência das gigantescas mudanças operadas pela força própria e indomável
do vetor cibernético. Uma incidência sobre ritmos da vida, preocupações e modos de
se estabelecer vínculos que transforma o mundo, exigindo novos empenhos no anúncio
do Evangelho.
Debruçados sobre esta realidade em constante mutação, os bispos
tiveram a oportunidade para escutar um teólogo, uma jovem consagrada, uma universitária
e um homem de Deus comprometido com os pobres. Cada fala buscou apresentar a compreensão
própria, linhas e aspectos da relação do bispo com o mundo. Um rico exercício de escuta
que reflete a compreensão de Igreja como Povo de Deus. Um entendimento fortalecido
durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), quando se consolidou a perspectiva de
que a Igreja é uma realidade articulada em membros iguais, todos pela condição de
filhos de Deus e, igualmente, servos na diversidade dos serviços prestados.
Assim,
a Igreja se organiza para cumprir sua tarefa evangelizadora e de serviço à vida. Considerando
sua estrutura para a realização dos diversos trabalhos, os coordenadores de pastoral
oferecem um subsídio para o enfrentamento de uma das muitas urgências contemporâneas:
a revitalização pastoral das paróquias - compreendidas como rede de comunidades. Uma
rede que se caracteriza pelo grande alcance e presença junto ao povo, especialmente
entre os desfavorecidos, mas que permanece como um “gigante adormecido”.
No
Documento de Aparecida, os bispos latino-americanos e caribenhos reconhecem que é
inadiável um amplo processo de revitalização das comunidades, incluindo a meta de
mudar mentalidades e posturas. Desta forma, será possível avançar para estágios marcados
pela capacidade de trabalhar articuladamente, multiplicando forças, com o próprio
da comunhão que a vivência da fé possibilita. Nessa revitalização das comunidades
de fé está também a exigência de se garantir instâncias de comunhão e participação,
respeitando a cidadania eclesial de cada um dos membros.
Os bispos, ouvindo,
refletindo e compartilhando, se enriqueceram com a oportunidade de situar na vida
e na missão da Igreja o sentido capital de seu ministério. Aliás, muitos perguntam
o que um bispo faz na Igreja Católica. Ele é, define o Concílio Vaticano II, sinal
visível da unidade. Um sinal qualificado pela simplicidade, proximidade e transparência,
qualidades que o Papa Francisco, bispo também, cultiva na Igreja, com sua simplicidade
capaz de dialogar com o mundo. A missão de um bispo inclui muitas exigências, mas,
acima de todas elas, está o dever de ser Bom Pastor. Como ensinou o bem-aventurado
João Paulo II, o bispo é aquele que enche o seu coração de compaixão e é induzido
a debruçar-se sobre a dor de cada homem e mulher que sofre, mantendo sempre viva a
confiança de que a ovelha perdida pode ser encontrada.
Dom Walmor Oliveira
de Azevedo Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte