Rio de Janeiro (RV) - Na próxima sexta-feira, dia 07 de junho, celebraremos
a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Em consonância com esta solenidade, a Igreja,
em todo o mundo, é convidada a fazer a sua jornada mundial de orações pelos sacerdotes.
Para
o mês de junho de 2013, o Santo Padre Francisco apresentou como intenção para o Apostolado
da Oração a promoção da união entre os povos e o reforço da nova Evangelização.
O
culto litúrgico ao Sagrado Coração de Jesus na sexta-feira seguinte ao Corpus Christi
teve início no século XVII, embora a devoção remonte aos séculos XIII e XIV, recebendo
a primeira aprovação pontifícia um século mais tarde. Em 1856, o papa Pio IX estendeu
a festa a toda a Igreja, e em 1928 Pio XI lhe deu a máxima categoria litúrgica.
Para
o Papa Bento XVI o culto ao Sagrado Coração de Jesus confunde-se com a história do
Cristianismo. Ao compreendermos que o mistério do amor de Deus sobre nós é conhecido
por meio da manifestação deste amor de forma mais profunda na Encarnação e também
na Paixão e morte de Jesus na Cruz. “Tanto amou Deus ao mundo, que lhe deu seu Filho
único, para que todo o que crer Nele não pereça, mas que tenha vida eterna” (João
3, 16). Ensina o Papa Emérito que: “Por outro lado, esse mistério do amor de Deus
por nós não constitui só o conteúdo do culto e da devoção ao Coração de Jesus: é,
ao mesmo tempo, o conteúdo de toda verdadeira espiritualidade e devoção cristã.
Assim,
a devoção ao Sagrado Coração de Jesus dá-se não só pelo mero cumprimento devocional,
mas como um profundo mergulhar na vivência radical do Evangelho. Inserindo-se no coração
aberto de Jesus, inseri-se na vida de Cristo e na união de vontades, e tem como fruto
uma relação viva entre Deus e o homem. “A resposta ao mandamento do amor, ensina-nos
Bento XVI, se faz possível só com a experiência de que este amor já nos foi dado antes
por Deus (cf. encíclica «Deus caritas est», 14). O culto do amor que se faz visível
no mistério da Cruz, representado em toda celebração eucarística, constitui, portanto,
o fundamento para que possamos converter-nos em instrumentos nas mãos de Cristo: só
assim podemos ser arautos críveis de seu amor. Esta abertura à vontade de Deus, contudo,
deve renovar-se em todo momento: «O amor nunca se dá por “concluído” e completado»
(cf. encíclica «Deus caritas est», 17). A contemplação do «lado transpassado pela
lança», na qual resplandece a vontade infinita de salvação por parte de Deus, não
pode ser considerada, portanto, como uma forma passageira de culto ou de devoção:
a adoração do amor de Deus, que encontrou no símbolo do «coração transpassado» sua
expressão histórico-devocional, continua sendo imprescindível para uma relação viva
com Deus (cf. encíclica «Haurietis aquas», 62)".
O Papa Pio XII ensinou, com
propriedade, que, também a Igreja e os sacramentos são dons do sagrado coração de
Jesus. Diz o Papa: "Não se pode, pois, duvidar de que, participando intimamente da
vida do Verbo encarnado, e pelo mesmo motivo sendo, não menos do que os demais membros
da sua natureza humana, como que instrumento conjunto da Divindade na realização das
obras da graça e da onipotência divina,(28), o Sagrado Coração de Jesus é também símbolo
legítimo daquela imensa caridade que moveu o nosso Salvador a celebrar, com o derramamento
do seu sangue, o seu místico matrimônio com a Igreja: Portanto, do coração ferido
do Redentor nasceu a Igreja, verdadeira administradora do sangue da redenção, e do
mesmo coração flui abundantemente a graça dos sacramentos, na qual os filhos da Igreja
bebem a vida sobrenatural, como lemos na sagrada liturgia: "Do coração aberto nasce
a Igreja desposada com Cristo... Tu, que do coração fazes manar a graça".(30) A respeito
desse símbolo, que nem mesmo dos antigos Padres, escritores e eclesiásticos foi desconhecido,
o Doutor comum, fazendo-se eco deles, assim escreve: "Do lado de Cristo brotou água
para lavar e sangue para redimir. Por isso, o sangue é próprio do sacramento da Eucaristia;
a água, do sacramento do Batismo, o qual, entretanto, tem força para lavar em virtude
do sangue de Cristo".(31) O que aqui se afirma do lado de Cristo, ferido e aberto
pelo soldado, cumpre aplicá-lo ao seu coração, ao qual, sem dúvida, chegou a lançada
desfechada pelo soldado, precisamente para que constasse de maneira certa a morte
de Jesus Cristo. Por isso, durante o curso dos séculos, a ferida do coração sacratíssimo
de Jesus, morto já para esta vida mortal, tem sido a imagem viva daquele amor espontâneo
com que Deus entregou seu Unigênito pela redenção dos homens, e com o qual Cristo
nos amou a todos tão ardentemente que a Si mesmo se imolou como hóstia cruenta no
Calvário.
Na linguagem bíblica, o "coração" indica o centro da pessoa, a sede
dos seus sentimentos e das suas intenções. No coração do Cristo Redentor nós adoramos
o amor de Deus pela humanidade, a sua vontade de salvação universal, a sua misericórdia
infinita.
A festa do Sagrado Coração de Jesus é também o Dia Mundial pela Santificação
dos Sacerdotes, ocasião propícia para rezarmos a fim de que os presbíteros nada anteponham
ao amor de Cristo.
Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós!
†
Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio
de Janeiro, RJ