A Igreja precisa de Sacerdotes, mas não de qualquer tipo de Sacerdote: diz Cardeal
Piacenza em Carta aos Seminaristas
Cidade do Vaticano (RV) - O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Mauro
Piacenza, escreveu uma Carta aos Seminaristas por ocasião da Jornada de Santificação
Sacerdotal que será celebrada na próxima sexta-feira, dia 7, na solenidade do Sagrado
Coração de Jesus.
A Jornada de Santificação Sacerdotal é celebrada todos os
anos nas dioceses do mundo inteiro, desde 1995, na sexta-feira sucessiva à solenidade
de Corpus Christi.
Dirigindo-se aos seminaristas, o purpurado se diz
feliz em enviar-lhes esta carta, a fim de que eles "se sintam envolvidos e recordados
nesta significativa ocasião".
Convidando-os a meditarem sobre a realidade originária
da divina vocação, o Cardeal Piacenza cita o Papa Francisco, que destaca a concretude
do amor que devem praticar aqueles que são Sacerdotes de Cristo e da Igreja: "Isto
vo-lo peço: sede pastores com o ‘cheiro das ovelhas’" (Papa Francisco na homilia de
sua primeira Missa Crismal, 28 de março de 2013).
Diante dessa sugestiva imagem,
prossegue o purpurado, o Sucessor de Pedro nos convida a ter um amor forte e concreto
pelo Povo de Deus. Para o discípulo, caminhar com Cristo, caminhar na graça, significa
sustentar com alegria espiritual o peso da cruz sacerdotal.
Escutemos novamente
o ensinamento do Santo Padre sobre isso: “Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos
sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos
mundanos” (Homilia na Santa Missa com os Cardeais, 14 de março de 2013).
Em
cada época, continua o Cardeal Piacenza, "Cristo chamou e chama alguns homens para
segui-Lo mais de perto, participando com eles de Seu sacerdócio – isso implica que,
em cada período da história da Igreja, o Senhor tenha tecido um diálogo vocacional
com fiéis que Ele escolheu para que fossem Seus representantes no seio do Povo de
Deus, além de mediadores entre o Céu e a terra, particularmente através da celebração
litúrgica e sacramental. De fato, pode-se dizer que a liturgia nos abre o Céu sobre
a terra".
Nessa perspectiva, o Prefeito da Congregação para o Clero observa
que eles "são chamados com a ordenação – sem nenhum mérito – a serem mediadores entre
Deus e o povo, e a tornar possível o encontro salvífico mediante a celebração dos
divinos mistérios".
Referindo-se à dimensão orante da vocação sacerdotal, afirma
que esta recorda, ainda, outros aspectos de grande importância.
Primeiramente,
destaca ele, "o fato de que as vocações são obtidas não principalmente por meio de
uma estratégia pastoral, mas, sobretudo, rezando. Foi o que nos ensinou Jesus: “A
messe é grande, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários
para a sua messe” (Lc 10,2)".
Além disso, observa mais adiante o Cardeal Piacenza,
"ao primado da oração se soma também, na condição de canal de tal graça divina, a
ação de sã, motivada e entusiasmada pastoral vocacional por parte da Igreja".
A
propósito da colaboração eclesial à obra de dar pastores ao Povo de Deus e Corpo Místico
de Cristo, o purpurado enfatiza que é oportuno recordar alguns aspectos que devem
caracterizá-la: "a estima pelas vocações sacerdotais, o testemunho de vida dos Sacerdotes,
a obra específica dos formadores no seminário".
Nesse sentido, o cardeal destaca
que as vocações são muito favorecidas, como é notável, pelo exemplo e pelo cuidado
que os Sacerdotes oferecem a elas.
"Um Sacerdote exemplar dificilmente não
suscitará nas mentes dos jovens a pergunta: não serei eu também chamado a uma vida
assim bela e feliz?"
"Exatamente desse modo os Sacerdotes são canais através
dos quais Deus faz ressoar o divino chamado no coração daqueles que ele escolheu!"
Destacando
o importante papel dos formadores dos Seminários, lembra os dois princípios que devem
guiar a avaliação da vocação: a cordial acolhida e a correta severidade.
A
esse propósito, faz uma peremptória observação: "A Igreja certamente precisa de Sacerdotes,
mas não de qualquer tipo de Sacerdote!"
"O amor que acolhe deve, portanto,
ser acompanhado da verdade que julga com clareza se, para um determinado candidato,
aparecem ou não os sinais da vocação e os componentes humanos necessários para uma
resposta confiável a ela. A urgência pastoral da Igreja não pode induzir a uma pressa
em conferir o ministério."
O Prefeito da Congregação para o Clero conclui sua
Carta aos Seminaristas confiando "à intercessão de Maria Santíssima e de São José
o dom da fidelidade e da perseverança no divino chamado que, por pura graça, nos foi
concedido", e recorda que o nome do amor no tempo é "fidelidade". (RL)