Cabo Verde: cristãos oram pela reconciliação e paz
Em sintonia com a Exortação Apostólica “Africae Munus” de Bento XVI, documento guia
deste ano pastoral, a paróquia do Sal - consciente da sua vocação como “sal da terra”
- prossegue na oração e missão o seu serviço à reconciliação, justiça e paz em África. Num
momento histórico em que parecem não diminuir as perseguições religiosas e os conflitos
armados em África, especialmente na região do Sahel, a pequena comunidade católica
da ilha do Sal, assinalou neste dia 3 de Junho, com uma eucaristia em Espargos, a
festa dos Santos Carlos Lwanga, Kalemba Mulumba, André Kaggwa e outros 19 companheiros.
O testemunho destes cristãos leigos e jovens do Uganda, nos anos 1885-1887, condenados
ao martírio pelo fogo e decapitação pelo Rei Mwanda, é um desafio espiritual à fidelidade
da fé e denúncia do ódio religioso que ainda se vai sentindo em certos lugares do
continente africano e suas ilhas adjacentes. Foram repetidas, na celebração, as recentes
palavras de D. Silvano Tomasi (scalabriniano, Observador permanente da Santa Sé junto
das Nações Unidas em Genebra) na sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em
que afirmou que cada ano, no mundo, morrem cerca de cem mil cristãos por motivos
relacionados com a sua fé. Os cristãos do Sal, em Ano da Fé, evocando os padroeiros
de África, recordaram particularmente as vítimas das guerras fratricidas, os migrantes
e refugiados das deslocações forçadas, os reclusos privados de liberdade por causa
da corrupção judicial, os adolescentes-soldado obrigados a integrar tropas rebeldes,
as crianças escravizadas para trabalhos indignos, as mulheres vendidas pelo horrendo
tráfico de seres humanos. No dia em que o Papa Francisco recebeu em audiência o
Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, a comunidade entregou ainda ao Senhor
a nova Era que se abre nas relações entre os Estados do Vaticano e Cabo Verde através
da assinatura da nova Concordata. No próximo ano decorrerão cinquenta anos da
canonização dos jovens mártires do Uganda, proclamada pelo servo de Deus, Paulo VI.