Valorizar raízes cristãs da Europa para sair da crise, defende novo Patriarca de Lisboa
Bruxelas (RV) – Realizou-se na quinta-feira, em Bruxelas (Bélgica) o encontro
de 20 responsáveis religiosos com os presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso,
e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
A reunião anual de alto nível teve
como tema ‘Colocar os cidadãos no coração da Europa em tempos de mudança’. Entre os
líderes religiosos, estava o novo patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, que afirmou
que o respeito pelo Cristianismo e outras religiões é fundamental para a defesa da
cidadania na Europa e da identidade “plural” do continente.
“A coexistência
democrática e plural sai fortalecida numa Europa a que todos pertençam, sem desvalorização
do lugar de cada um, seja uma pessoa ou um grupo religioso ou sociocultural. Nisto,
reside um ‘espírito’ europeu que é importante reforçar, para benefício dos antigos
e dos novos habitantes do continente”, declarou o vice-presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa.
Dom Manuel Clemente realçou que Europa é “uma comunidade humana
pluralista e admite uma grande diversidade do ponto de vista religioso e social”,
mas lembrou que é “inegável” a importância do Cristianismo.
“A fundação cristã
da Europa tal como a conhecemos deixou-nos com uma característica fundamental, tão
inovadora que só gradualmente prevaleceu entre os próprios cristãos: a distinção entre
os campos político e religioso”, sustentou.
Segundo o prelado, especialista
em História, este princípio “dá liberdade ao Estado e liberdade à crença religiosa,
ao mesmo tempo que reconhece a ordem específica de cada um e a desejável colaboração
mútua em tudo o que diga respeito ao serviço da dignidade dos cidadãos, crentes ou
não”.
Durão Barroso, por sua vez, disse que perante a crise sente-se cada vez
mais a necessidade dos “valores da solidariedade e da equidade”.
“A crise segue
em conjunto com o ressurgimento de medos antigos que sabíamos existirem na Europa
do passado e que podem, efetivamente, regressar a qualquer momento”, observou o presidente
da Comissão Europeia, para quem é necessária vigilância sobre estas tendências, “incluindo
todas as formas de discriminação”.