Jales (RV) - Celebrado o Pentecostes, retomamos o “tempo comum”. A palavra
pareceria ter conotação depreciativa, como se fosse um tempo desprovido de importância.
Ao contrário, é o tempo oportuno, a época favorável, a hora boa para integrar em
nosso cotidiano a abundância de graças que Deus nos proporciona.
Além do mais,
neste ano que já nos surpreendeu com a renúncia de um papa e com a eleição de outro,
que desencadeou tantas esperanças, começamos a nos dar que se aproxima a hora de comprovar
a que veio o Papa Francisco.
Para completar o seu “batismo de fogo” , ele precisa
ainda passar pela prova de sua primeira viagem intercontinental, justamente aqui no
Brasil, no próximo mês de julho.
Depois, começarão as cobranças. Até porque
se trata de mudanças que se fazem logo, ou não se fazem nunca, pela força de resistências
históricas que suscitam.
O fato é que as esperanças voltaram. E quanto mais
fortes, mais urgência demandam.
No diálogo com a Samaritana, pelo visto, a
colheita ainda estava longe. “Não dizeis: ainda quatro meses, e depois será a colheita?”
(Jo 4,35). Portanto, ainda faltava bastante.
Mas para Jesus, diante da sede
de salvação dos samaritanos, a colheita estava madura, era hora de meter a foice para
colher o trigo. “Pois eu vos digo, levantai os olhos e vede os campos, como estão
dourados, prontos para a colheita!”
Jesus vivia com tanta intensidade sua
missão, que fundia os tempos que separavam suas etapas. De tal modo que estimulado
pelo presente que o empenhava por inteiro, ele antecipava o futuro, e o vivia com
igual intensidade e na mesma simultaneidade.
Quase dá para dizer a mesma coisa
diante da intensidade de expectativas suscitadas pelo Papa Francisco. Com certeza,
elas se depararão com dificuldades que levarão muito tempo para serem vencidas. Mas
bastaria iniciar o processo, para se tornar irreversível.
Por enquanto, a simpatia
pelo novo papa vai acumulando apoios, que a seu tempo se tornarão muito úteis para
sustentar o processo de mudanças, por ele já sinalizadas.
Verdade é também
que não precisamos aguardar as iniciativas do Papa para fazer a nossa parte. Nós também
podemos perceber que os campos estão maduros, e somos desafiados a ser “operários
para a colheita”, que o dono da messe quer contratar!
O processo desencadeado
pelo Concílio abriu muitas possibilidades de participação, que estão ao nosso alcance.
A recente Conferência de Aparecida, onde o atual papa deu sua preciosa colaboração,
nos lembrou que todos somos “discípulos e missionários de Jesus Cristo, par que nele
todos os povos tenham vida”.
Esta nossa identidade de cristãos ficou agora
ainda mais aguçada pelo testemunho generoso do Papa Francisco, que mostra tanta coerência
e lucidez em seus gestos e em seus ensinamentos.
“Quem sabe faz a hora, não
espera acontecer”. Parece chegada a hora de retomar o impulso renovador do Concílio
Vaticano II.
O tempo é propício! Os ventos são favoráveis, temos a certeza,
eles são verdadeiros “Buenos Aires!”, trazem a marca do Papa Francisco!