Genebra (RV) - O Observador Permanente da Santa Sé na ONU em Genebra, Dom Silvano
Maria Tomasi, fez um apelo nesta quarta-feira na 63ª Sessão do Conselho para os Direitos
Humanos pelo cessar-fogo na Síria e em favor da promoção de acordos de paz que dêem
novamente esperança a um povo assolado pela violência.
"Vê-se na Síria a violação
de todos os direitos humanos. Milhares de vidas foram ceifadas. Um milhão e quinhentas
mil pessoas foram obrigadas a fugir para o exterior como refugiadas. Mais de quatro
milhões perderam suas casas e civis foram pegos de mira pelos beligerantes no desprezo
total do direito humanitário. Esta enorme tragédia nacional pode intensificar os conflitos
regionais e globais, transformar as ambições de poder político em confrontos étnicos
e religiosos de fundo extremista e destruir todo país", disse o arcebispo.
Segundo
o representante da Santa Sé, "o caminho a seguir não é a intensificação militar do
conflito armado, mas o diálogo e a reconciliação. Um cessar-fogo imediato irá deter
o espargimento de sangue, tragédia que prejudica o futuro da Síria e do Oriente Médio".
O prelado recordou o apelo de paz em favor da Síria lançado pelo Papa Francisco
na Missa de Páscoa: "Quanto sangue derramado! Quantos sofrimentos deverão ainda suportar
antes que se encontre uma solução política para a crise?"
Segundo Dom Tomasi,
"a Santa Sé insiste que somente através de negociações pacíficas é possível chegar
a uma solução aceitável da crise e que a participação de representantes de todos os
cidadãos pode garantir uma convivência pacífica duradoura e construtiva de todas as
comunidades que compõem a sociedade síria".
O arcebispo recordou que "as crianças
que se encontram nos campos de refugiados e nas áreas de conflito, traumatizadas e
privadas de seus direitos, são as que mais sofrem as conseqüências da violência e
pedem a solidariedade da comunidade internacional. Somente deste modo as crianças
e suas famílias poderão novamente esperar numa existência normal".
Dom Tomasi
lembrou que as crianças sozinhas merecem mais atenção e assistência para evitar que
se tornem vítimas do tráfico de pessoas e outras formas de exploração.
"Fazer
calar as armas é a prioridade", frisou o representante da Santa Sé, destacando a necessidade
de vencer o pessimismo em relação ao êxito positivo das negociações.
"O povo
sírio já pagou muito e seu sofrimento indizível não deve ser ignorado. Somos chamados
a trabalhar pela paz, a reconciliação e por um novo início das relações humanas baseado
nos direitos humanos e no interesse comum da família humana", concluiu o arcebispo.
(MJ)