Dom Filippo Santoro, de Petrópolis para Taranto: conheça esta realidade
Cidade
do Vaticano (RV) - A cidade italiana de Taranto fica num dos mais belos litorais
do sul da península e abriga a siderúrgica Ilva, há anos acusada de envenenar os moradores
dos arredores com a poluição ambiental que suas chaminés emitem. O arcebispo de Taranto
é Dom Filippo Santoro, que conduziu a arquidiocese de Petrópolis, RJ, e morou no Brasil
27 anos.
O futuro da usina causa polêmica porque se por um lado, polui e envenena
seus vizinhos, por outro garante o emprego e o sustento das famílias de 20 mil operários.
Dom Filippo explica a situação e apresenta a posição da Igreja:
“Vinte
mil pessoas ficariam desempregadas se a fábrica fechasse. Taranto tem mais de 200
mil habitantes, e aqui, temos a poluição ambiental, que causa um número de tumores
maior do que a média nacional (temos dois piques de aumento: para as crianças e para
as mulheres). É um problema realmente sério. Fiz uma passeata com uma vigília de oração
no bairro mais poluído, Tamburi. Da manifestação, participaram seja os trabalhadores
da Ilva como os sindicatos, os ambientalistas, ecologistas e as várias componentes
da arquidiocese, movimentos, novas comunidades, paróquias. Foi o único momento unitário”.
“Depois
a magistratura insistiu para o fechamento da fábrica. Houve uma discussão longa, que
terminou agora com o pronunciamento da Corte Constitucional que permite a continuidade
da produção desde que sejam observadas algumas normas muito rigorosas que diminuem
a poluição através da adaptação das instalações e a limpeza do território, que foi
poluído ao longo dos anos. Estamos agora diante deste conflito terrível”.
“Os
dois problemas são gravíssimos. A minha posição foi a de estar perto das pessoas,
nos hospitais onde estão internados os doentes de câncer, e ao mesmo tempo, em várias
greves; visitei os operários na fábrica. A nossa posição não tomou partido, porque
o nosso objetivo é a defesa do bem-comum. Como Igreja, damos esperança às pessoas
porque diante deste problema, a cidade ficou dividida”. (CM)