Cidade do Vaticano (RV) – Esta foi mais uma semana
cheia de compromissos para o Papa Francisco; muitas as audiências concedidas entre
as quais ao Presidente salvadorenho Carlos Maurício Funes que presenteou o Papa Francisco
com uma relíquia de Dom Oscar Arnulfo Romero e sobre o qual ambos falaram; a visita
nesta sexta-feira do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta que, junto
com os seus bispos auxiliares, descreveu ao Papa todo o trabalho que está sendo feito
para receber os jovens do mundo inteiro e, naturalmente, o Santo Padre.
Ainda
a audiência geral na Praça São Pedro onde mais de 70 mil fiéis ouviram do Papa o pedido
para que renovemos a cada dia a confiança na ação do Espírito Santo e sejamos homens
e mulheres de oração, que testemunham com coragem o Evangelho; a oração pelas vítimas
do tufão que ceifou vidas inocentes, especialmente crianças, em Oklahoma, nos Estados
Unidos. Depois, a visita na terça-feira à tarde à Casa Dom de Maria, administrada
pela Missionárias da Caridade, da Beata Madre Teresa de Calcutá. “Vocês são a mão
de Deus que sacia a fome de todo ser vivo, a música desta Casa é o amor”, disse o
Pontífice em seu discurso.
O Papa voltou a sacudir a consciência dos fiéis
usando novamente expressões que nos fazem pensar sobre a real dimensão da nossa fé,
da nossa pertença à Igreja de Cristo. Na semana passada o Papa nos disse que não devemos
ser “cristãos de salão”, lançando o seu não aos cristãos somente educados, sem fervor
apostólico. Nesta semana o Papa falou do “cristão-museu”, fazendo uma referência ao
sal, ao sal que dá sabor às coisas. Papa Francisco foi mais longe afirmando que todo
cristão deve difundir o sal da fé, da esperança e da caridade.
Todo mundo conhece
o sabor do sal; sabe precisamente onde se encontra na cozinha, e que é diferente do
açúcar; quantas vezes nos enganamos e colocamos no nosso café, ao invés de açúcar,
sal, e que o ocorreu; sabor terrível, e café jogado fora. O sal tem sentido quando
dá sabor às coisas. Quando se torna insípido – recordou o Papa – não serve. Assim
também nós, quando nos tornamos cristãos insípidos ficamos sem gosto, mas sem gosto
para tudo; a nossa vida se torna um marasmo, sem alegria, sem motivação, sem esperança.
Mas se usamos bem o nosso sal, a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade, nos
tornamos cristãos com sabor, essa é a essência do cristão, ter uma vida com sabor.
Cada
cristão – recordou o Papa nesta semana - tem o seu sabor, com os dons que Deus lhe
deu, pois o sal não deve ficar somente dentro de nós, mas deve ser usado no serviço
das pessoas, a serviço dos outros, mas também “na transcendência para o autor do sal,
o Criador, através da oração e da adoração”. Assim não seremos “cristãos de museu”.
O cristão bonitinho e arrumado de “salão” e o conservado e sem ação do “museu”
não fazem a diferença, servem somente para ser apreciados: todo homem e mulher que
crê em Cristo deve fazer a diferença, pois ali onde vive e trabalha deve dar sabor,
deve sacudir, deve agir; deve ser inspiração, testemunho para os demais de que algo
no seu coração é diferente. Essa diferença é o amor que transborda e se transforma
em serviço; amar é servir.
Para que sejamos diferentes devemos ser “testemunhas”
de Jesus, comprometidos com o seu amor, e não com as promessas do mundo. Devemos ser
Sal e Luz, que dá sabor e indica o caminho ao irmão, devemos ser cristãos não de janelas
mas de ruas indo ao encontro daquele que necessita de esperança. Parece simples, mas
talvez seja exatamente essa simplicidade que falta em nosso corre-corre diário. Quem
sabe podemos parar e nos perguntar, que sabor tem hoje a minha vida? Quem sabe o nosso
sal perdeu um pouco do seu sabor. (Silvonei José)