O Concílio e a linha social da Igreja: priorizar a dimensão do serviço e da solidariedade,
nas palavras de Dom Itamar Vian
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o quadro "Nova Evangelização e Concílio Vaticano
II" de hoje nos traz uma das questões das quais não podemos nos esquivar ao lançarmos
um olhar para a caminhada da Igreja nestes 50 anos que nos separam da abertura deste
grande evento religioso do Séc. XX.
De fato, o Concílio Vaticano II foi reconhecido
como uma "Primavera na Igreja", um "Sopro do Espírito Santo", mas, como se sabe, nem
tudo aquilo que foi proposto pelo Concílio Vaticano II foi depois colocado em prática
na ação evangelizadora da Igreja ao longo destes 50 anos.
A esse propósito,
na missa do dia 16 de abril passado, presidida na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano,
o Papa Francisco ressaltou que "O Concílio foi uma obra bonita do Espírito Santo";
que o Espírito Santo impele as pessoas e a própria Igreja a caminhar para frente,
mas nós nos opomos fazendo resistência e não queremos mudar. Disse ainda mais: "Existem
aqueles que querem caminhar para trás".
Servindo-se da liturgia do dia, sem
fazer rodeios, o Santo Padre afirmou que essa é uma postura de quem "é cabeça dura,
isso se chama querer domesticar o Espírito Santo, isso se chama tornar-se insensatos
e lentos de coração" (palavras textuais do Papa Francisco).
Pois bem, uma das
questões às quais não podemos nos furtar ao celebrarmos este grande evento, é perguntar-nos
quais desafios do Concílio não tiveram devida aplicação nestas cinco décadas de caminhada
da Igreja.
Foi o que perguntamos ao Arcebispo de Feira de Santana, na Bahia,
Dom Itamar Vian, O.F.M. Cap, que destacou dois grandes desafios lançados pelo Concílio
aos quais é preciso maior atenção: um maior compromisso com o povo ("precisamos sair
das secretarias paroquiais, das igrejas, para ir aonde o povo está"); o outro desafio
é trabalhar mais a dimensão social (mesmo reconhecendo que "a parte do culto é importante,
necessária e indispensável, tal dimensão não é suficiente".
Recordando que
"a fé sem obras é morta" e evidenciando que "tudo aquilo que estudamos, lemos, rezamos,
deve nos levar a um compromisso social", Dom Itamar reconhece que até hoje "estamos
ainda priorizando demais a parte do culto, mas não priorizamos da mesma forma a dimensão
da caridade, do serviço e da solidariedade". Vamos ouvir: (RL)