Jerusalém (RV) - Milhares de judeus ortodoxos protestaram nesta quinta-feira,
16, em Jerusalém contra a intenção do governo de Israel de aprovar uma lei que obriga
parte deles a servirem às Forças Armadas, como acontece com os demais jovens do país.
Usando suas habituais roupas escuras, os ortodoxos se reuniram em frente ao escritório
de alistamento em Jerusalém, onde houve alguns conflitos com a polícia, informou o
site do jornal "Yedioth Ahronoth".
Em cartazes, eles denunciaram a intenção
dos “líderes da Terra Santa” de destruir “o estilo de vida ortodoxo e profanarem a
pureza na qual vivem os estudantes da Tora”. Ao contrário dos outros jovens israelenses,
que servem às Forças Armadas durante 36 meses (24 no caso das mulheres), os ultra-ortodoxos
desfrutavam, de 1948 até o ano passado, de uma isenção regularizada por lei parlamentar
em 2002. Nove anos depois, a Suprema Corte a considerou discriminatória e exigiu que
o governo a reformulasse, um processo que deverá ser concluído nos próximos meses.
A comissão que analisa a questão recomendará ao governo um período de transição
de 2013 a 2017 que começaria com o alistamento de apenas 3.300 ultra-ortodoxos, aproximadamente
metade dos que deveriam ser recrutados. Os demais poderão continuar a estudar as escrituras
sagradas e terão uma isenção permanente aos 22 anos, o que lhes permitirá trabalhar
sem medo de serem recrutados.
O serviço militar dos ultra-ortodoxos foi um
dos assuntos mais debatidos nas eleições realizadas em janeiro, nas quais a maioria
dos partidos exigiu o fim dessa situação. Com frases como “O destino dos seus descendentes
está em suas mãos”, os manifestantes leram ontem versículos do Livro de Salmos para
“se proteger” de recomendações que, afirmaram, “ameaçam o futuro de todo o povo de
Israel”. O protesto foi convocado por grupos rabínicos ashkenazis (judeus de origem
centro-europeia). Os sefarditas e mizrahi (da Espanha medieval e dos países árabes)
ficaram à margem. (SP)