El Salvador: bispos afirmam que trégua não produz benefícios
São Salvador (RV) - A trégua entre os bandos armados do país, estabelecida
em 9 de março de 2012, “não produziu os benefícios que a população honesta e trabalhadora
esperava”: foi o que afirmaram os bispos de El Salvador em uma declaração lida no
último domingo na Catedral da capital por Dom Gregorio Rosa Chávez, bispo-auxiliar
de São Salvador.
“Os roubos, as extorsões e outras atividades ilegais realizadas
por membros dos bandos continuam, por esse motivo, a população não percebe os benefícios
da trégua”, afirma o documento dos bispos. Em menos de 24 horas os principais líderes
dos bandos responderam aos bispos com uma coletiva de imprensa na qual expressaram
a sua surpresa afirmando que os líderes da Igreja não entenderam que “se trata de
um processo de paz e não somente de uma trégua” e que “a paz será possível somente
quando o processo tiver o consenso de todos”.
Os líderes dos bandos sublinharam
que “o problema da violência social é muito diferente porque há raízes estruturais
muito profundas, e precisamente por isso o processo é complexo; é preciso levar em
consideração que estamos falando de mais de duas décadas de guerra”. “Sentimos muito
que o comunicado da Igreja não fale dos resultados positivos até agora obtidos, como
as mais de 3 mil vidas salvas”, acrescentaram. “Pelo menos estamos conseguindo tirar
El Salvador do primeiro lugar de país mais violento do mundo”, concluíram.
Nas
prisões do país estão detidos mais de 10 mil membros dos bandos e se calcula que os
que vivem em liberdade são cerca de 50 mil. Um ano atrás os principais bandos do país
assinaram uma trégua. O pacto teve um primeiro resultado positivo: a média dos homicídios
diários diminuiu de 14 para 5, mas, segundo o comunicado dos bispos, a situação para
a população do país não mudou porque continuaram outros atos violentos: os furtos,
as represálias, os sequestros e sobretudo a extorsões comandas das prisões para ajudar
as famílias dos condenados. (SP)