Ankara (RV) – O Ministério do Exterior da Turquia poderia conceder a cidadania
turca a todos os sírios da comunidade cristã de rito sírio que tem ou tiveram algum
grau de parentesco com cidadãos turcos e que agora se encontram em situação de emergência
por causa da guerra. A hipótese de um ‘plano turco’ para os cristãos sírios de rito
sírio-antioquino foi delineado nos últimos dias pelo Chefe da Federação das Associações
sírias na Turquia, Evgil Turker, no âmbito de uma conferência sobre relações entre
a Turquia e os cristãos sírios de nacionalidade síria.
Segundo o cenário pré-figurado
por Turker, a Turquia poderia oferecer-se como nova “homeland” para os tantos cristãos
sírios que agora vivem na Síria e na Europa, e cujos antepassados viveram em território
turco. Em tempos recentes, multiplicaram-se os sinais de atenção dos dirigentes políticos
turcos em relação á minoria cristã síria. O próprio Primeiro-Ministro Recep Tayyip
Erdogan, convidou os sírios turcos emigrados para retornar à Turquia, enquanto o Presidente
Abdullah Gul, encontrou-se com os líderes da comunidade cristã síria na Turquia, em
fevereiro.
Pela primeira vez na história, Gul foi acompanhado de um alto representante
da Igreja Sírio-ortodoxa – o Metropolita Yusuf Cetin – numa visita recente a Suécia,
onde reside uma viva comunidade da diáspora sírio-ortodoxa. O Ministro do Exterior
Ahmet Davutoglu reiterou diversas vezes a sua disponibilidade em ajudar os cristãos
sírios envolvidos na guerra civil síria. Destes, ao menos 500 já encontraram refúgio
na Turquia.
As autoridades turcas organizaram em Mydiat (por séculos centro
de um enclave cristão-sírio na Província de Mardin), um campo de refugiados reservado
aos cristãos sírios, capaz de acolher 4 mil refugiados.
O fluxo de cristãos
sírios em direção à Turquia poderia aumentar também na área ao redor de Hassakè, na
alta Mesopotâmia síria – onde se concentram boa parte das dezenas de milhares de cristãos
síriso de rito sírio-antioquino – caso esta fosse envolvida em maneira mais intensa
pelo conflito entre as tropas e leias e as milícias anti-Assad.
À Igreja Sírio-ortodoxa
pertence o Metropolita de Alepo, Mar Gregorios Yohanna Ibrahim, sequestrado há mais
de duas semanas juntamente com o Metropolita Greco-ortodoxo de Alepo Boulos al-Yazigi.
Nos dias passados, o Bispo sírio-ortodoxo Jean Kawak, havia sugerido envolver o governo
turco nas tentativas de libertação dos dois Bispos sequestrados.
Segundo diversos
analistas do cenário-geopolítico, num eventual futuro desmembramento da atual Síria,
a parte setentrional do País seria fatalmente destinada a reentrar na esfera de influência
da Turquia. (JE)