Bangladesh: aumenta a tensão entre rebeldes e governo
Daca (RV) – Alta tensão em Bangladesh entre os movimentos islâmicos e o governo.
O grupo Hefazat-e-Islam (HeI) – que já no início de abril havia prometido uma grande
manifestação de rua – lançou um ultimato ao governo, intimando a aprovação do chamado
“Documento com 13 pedidos” – uma espécie de nova lei da blasfêmia – até o dia 30 de
abril. Se isso não acontecer, no dia 5 de maio haverá uma nova manifestação na capital,
definida “ocupação de Daca”. A proposta de lei em 13 pedidos propõe, entre outros,
a pena de morte para os culpados de blasfêmia contra a religião islâmica; impede às
mulheres de trabalhar com os homens; proíbe todas as atividades culturais que difamam
o islã; torna obrigatória a educação islâmica.
Segundo fontes da Fides, “trata-se
da maior prova de força dos islâmicos”, enquanto o movimento HeI está organizando
encontros de sensibilização em diversas partes do país, para pressionar o governo
a satisfazer suas exigências. Está em andamento – observam fontes da Fides – o descrédito
do executivo, definido “inimigo dos muçulmanos”, que “não têm algum direito de estar
no poder”, acusado de “dar refúgio às forças anti-islâmicas”. “Deverá enfrentar terríveis
consequências se continuar a fazê-lo”, dizem abertamente os ativistas.
O movimento
Hefajat-e-Islam quer “salvar o Islã e a humanidade” e iniciou uma campanha também
contra os ‘bloggers’ considerados blasfemos. O desafio às instituições preocupa as
minorias religiosas, como cristãos e budistas, que nos meses passados sofreram atos
de intimidação.
Dom Moses M. Costa, Bispo de Chittagong, declara à Fides:
“Em linha geral, as pessoas têm espírito de harmonia e de paz na sociedade. Neste
período, a questão da Shariá chegou à atenção da opinião pública, mas muitos muçulmanos
querem um estado leigo. Apenas alguns grupos a promovem com convicção. Nós, como pequenas
minorias, vivemos ocasionalmente dificuldades: somos acusados de fazer proselitismo
e de converter. Somos tão poucos, menos de 1% na sociedade, que é muito difícil manter
estas acusações. Não obstante tudo, vivemos a fé com alegria. A Igreja é apreciada
pelo governo e pelo povo, por nossas obras e nossa credibilidade. Muitos creem em
nós e agradecem por nossas obras sociais e educativas”. (SP)