Homilia do V Domingo da Páscoa Papa Francisco Crisma 44 fieis
Amados irmãos e irmãs! Queridos crismandos!
Gostaria de vos propor três
pensamentos, simples e breves, para a vossa reflexão.
1. Na Segunda Leitura,
ouvimos a estupenda visão de São João: um novo céu e uma nova terra e, em seguida,
a Cidade Santa que desce de junto de Deus. Tudo é novo, transformado em bondade, em
beleza, em verdade; não há mais lamento, nem luto... Tal é a acção do Espírito Santo:
Ele traz-nos a novidade de Deus; vem a nós e faz novas todas as coisas, transforma-nos.
E a visão de São João lembra-nos que todos nós estamos a caminho para a Jerusalém
celeste, a novidade definitiva para nós e para toda a realidade, o dia feliz em que
poderemos ver o rosto do Senhor, poderemos estar para sempre com Ele, no seu amor. Vedes?!
A novidade de Deus não é como as inovações do mundo, que são todas provisórias, passam
e procuram-se outras sem cessar. A novidade que Deus dá à nossa vida é definitiva;
e não apenas no futuro quando estivermos com Ele, mas já hoje: Deus está a fazer novas
todas as coisas, o Espírito Santo transforma-nos verdadeiramente e, através de nós,
quer transformar também o mundo onde vivemos. Abramos-Lhe a porta, façamo-nos guiar
por Ele, deixemos que a acção contínua de Deus nos torne homens e mulheres novos,
animados pelo amor de Deus, que o Espírito Santo nos dá. Como seria belo se cada um
de vós pudesse, ao fim do dia, dizer: Hoje na escola, em casa, no trabalho, guiado
por Deus, realizei um gesto de amor por um colega meu, pelos meus pais, por um idoso.
2.
O segundo pensamento: na Primeira Leitura, Paulo e Barnabé afirmam que «temos de sofrer
muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus» (Act 14, 22). O caminho
da Igreja e também o nosso caminho pessoal de cristãos não são sempre fáceis, encontramos
dificuldades, tribulações. Seguir o Senhor, deixar que o seu Espírito transforme as
nossas zonas sombrias, os nossos comportamentos em desacordo com Deus e lave os nossos
pecados, é um caminho que encontra muitos obstáculos fora de nós, no mundo onde vivemos
e que muitas vezes não nos compreende, e dentro de nós, no nosso coração. Mas, as
dificuldades, as tribulações fazem parte da estrada para chegar à glória de Deus,
como sucedeu com Jesus que foi glorificado na Cruz; aquelas sempre as encontraremos
na vida.
3. E passo ao último ponto. É um convite que dirijo a todos, mas
especialmente a vós, crismandos e crismandas: permanecei firmes no caminho da fé,
com segura esperança no Senhor. Aqui está o segredo do nosso caminho. Ele dá-nos a
coragem de ir contra a corrente. Não há dificuldades, tribulações, incompreensões
que possam meter-nos medo, se permanecermos unidos a Deus como os ramos estão unidos
à videira, se não perdermos a amizade com Ele, se lhe dermos cada vez mais espaço
na nossa vida. Isto é verdade mesmo, e sobretudo, quando nos sentimos pobres, fracos,
pecadores, porque Deus proporciona força à nossa fraqueza, riqueza à nossa pobreza,
conversão ao nosso pecado. Tenhamos confiança na acção de Deus! Com Ele, podemos fazer
coisas grandes; Ele nos fará sentir a alegria de sermos seus discípulos, suas testemunhas. Novidade
de Deus, tribulação na vida, firmes no Senhor. Queridos amigos, abramos de par em
par a porta da nossa vida à novidade de Deus que nos dá o Espírito Santo, para que
nos transforme, nos torne fortes nas tribulações, reforce a nossa união com o Senhor,
o nosso permanecer firmes n'Ele: aqui está a verdadeira alegria. Amen.