Tráfico de pessoas: a pior instrumentalização da vida humana. Ouça!
Cidade do Vaticano
(RV) – O tráfico de seres humanos está no centro das preocupações da Igreja. Este
tema, de fato, foi tratado recentemente na audiência que o Papa Francisco concedeu
ao Secretário-Geral da ONU, Ban ki-moon, no último dia 9.
Os brasileiros também
são vítimas de exploração, principalmente sexual, em países como as Guianas, Suriname
e Europa. No que diz respeito à Itália, um fenômeno tem alarmado o governo brasileiro:
o tráfico de transexuais.
Uma equipe que integrou funcionários do Itamaraty
e do Ministério da Justiça esteve em Roma para analisar este caso, como nos fala o
secretário Nacional de Justiça, Dr. Paulo Abrão:
Os transexuais vivem em
determinados grupos, numa rede criminosa, e sofrem uma dupla invisibilidade: a primeira
por serem traficados, e nós sabemos que as vítimas de tráfico de pessoas têm muito
pouca visibilidade; mas a segunda por serem um grupo social que sofre um preconceito
ainda maior. São obrigados até mesmo a constituir um mercado social paralelo de consumo,
pois não são bem aceitos à luz do dia pelo mercado comum – o que implica um custo
de vida duas ou três vezes maior, o que se reflete evidentemente numa carga de trabalho
de exploração muito maior. A situação dos transexuais nos pareceu muito preocupante.
Certamente, tanto o governo brasileiro, quanto o governo italiano, precisam olhar
para esta situação de um modo muito especial e procurar desenvolver ações que consigam
dialogar com a realidade e as características desse tipo de exploração sexual.
A
Campanha da Fraternidade de 2014 tem como tema “Fraternidade e Tráfico de Pessoas”.
Haverá uma parceria do Ministério da Justiça com a CNBB?
Sem dúvida. Nós
recebemos esta notícia com muito entusiasmo e já nos colocamos à disposição da CNBB
para colaborar com toda e qualquer iniciativa que a Igreja irá propor em torno dessa
matéria. Parece-me a combinação perfeita, pois a Igreja tem como elemento norteador
dos seus princípios a vida, e o tráfico de pessoas atinge a dignidade da vida humana;
é a pior instrumentalização da vida humana ao se tentar transformar pessoas em mercadorias.
Estou muito otimista de que haverá uma boa sinergia entre as ações de governo e as
ações da Igreja para que a gente consiga atingir o máximo contingente populacional
possível, agregar difusão e conhecimento e, principalmente, conscientização sobre
a necessidade de denunciar, de identificar e enfrentar o medo e a vergonha de não
trazer à tona essas violações.