2013-04-24 15:57:17

Linguagem do Papa Francisco é a do Evangelho, por isso chega a todos


Cidade do Vaticano (RV) - Desde os primeiros momentos de seu Pontificado, o Papa Francisco conquistou o coração dos fiéis com a sua linguagem simples e direta. Um estilo que chama a atenção inclusive dos não-crentes e que repercute particularmente nas homilias que, diariamente, o Santo Padre faz na missa celebrada na Casa Santa Marta, no Vaticano. Para uma reflexão sobre a linguagem "abrangente e compreensível" de Jorge Mario Bergoglio, a Rádio Vaticano entrevistou a jornalista Stefania Falasca, unida ao Papa Bergoglio por uma longa amizade:

Stefania Falasca:- "É preciso dizer que as coordenadas portadoras do estilo do Papa Francisco se fundam justamente no primado da palavra, o primado da palavra em seu estatuto comunicativo-relacional, que significa oralidade: é o primado do coloquial, da acessibilidade e da clareza e também da beleza. Ele é um admirador de Dostoevskij – para se ter uma referência literária – e de Tolstoj, os quais definem a simplicidade e a beleza "funções da verdade", portanto, também através da escolha de palavras que imediatamente abrem e imediatamente iluminam."

RV: O escritor argentino Jorge Luis Borges dizia que "Jesus pensava por palavras e usava frases que impressionavam". Poder-se ia dizer, certamente, que o Papa Francisco faz exatamente isso...

Stefania Falasca:- "Sim, também isso é expressão de uma linguagem que se pode dizer figurada... em duas palavras consegue condensar eficazmente temas que têm um amplo alcance, uma ampla discussão e permitem aquele aspecto que dizia antes: dar imediatamente um efeito. É uma espécie de expressionismo, também muito típico na língua espanhola, muito definida: não são pequenos "meios de comunicação". Restabelece a corporeidade, o aspecto físico às palavras, para que todos possam compreender. Ademais, este é um traço típico da comunicação moderna – digamos – da web, da linguagem pós-moderna."

RV: Você escreveu no jornal "Avvenire" que o falar do Papa Francisco é um sermo humilis...

Stefania Falasca:- "Santo Agostinho foi o mestre por excelência do sermo humilis. Significa falar a todos, significa universalidade e, ao mesmo tempo, a contemporaneidade, a imersão no desdobrar-se do mundo, que é próprio da linguagem evangélica. É a linguagem das Sagradas Escrituras, é a sabedoria da colocação, ou seja, aquilo que os Padres da Igreja consideravam arte: a homilia, a arte de conversar simplesmente com os homens. Digamos que na base disto está uma natureza teológica, porque Santo Agostinho condensa justamente o significado do sermo humilis em dois termos que são "útil" e "apropriado": ele diz que sendo a verdade cristã "amorosa e suave salvação", deve ser colocada suaviter, com delicadeza, e isso por respeito tanto à própria natureza da Salvação, da Verdade, quanto mais ainda ao respeito pelas possibilidades de recepção do ouvinte. Creio que são essas as razões de uma linguagem que abraça e abrange o mundo e os homens; portanto, abrangente e compreensível porque sermo humilis é também caritas, alegre boa nova na acepção agostiniana."

RV: Não há uma estratégia de comunicação no falar de Bergoglio: sua única verdadeira estratégia é a adesão ao Evangelho...

Stefania Falasca:- "Exatamente. Existe uma base seguramente inclusive graças à vastidão da cultura de Bergoglio, mas o que mais se expressa é essa sua ânsia de transmitir a Palavra de Deus. Digo que o fascínio deste seu falar que alcança a todos, inclusive os que se encontram distantes e os não-crentes, é que não são palavras somente pregadas, mas verdadeiramente vividas. "A vida é a pedra-de-toque das palavras": isso dizia o escritor e poeta italiano Alessandro Manzoni e recordo que ele citou para mim essa frase, que se encontra no capítulo da obra "Os Noivos", o capítulo da "Conversão do Inominado". A vida é a pedra-de-toque das palavras. Do seu modo de falar se percebe quanto é verdadeiro para ele e fruto de sua vida aquilo que diz." (RL)







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