2013-04-23 20:53:27

Cardeal Marx: Igreja no mundo inteiro se faz mais próxima do Papa


Cidade do Vaticano (RV) - Dias atrás o Papa Francisco, acolhendo a uma sugestão apresentada durante as reuniões que precederam o Conclave, constituiu um grupo de cardeais para aconselhá-lo no governo universal da Igreja e para estudar um projeto de revisão da Cúria Romana. O arcebispo de Munique, sul da Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, faz parte deste grupo. O responsável pelo "Programa Alemão" da Rádio Vaticano, Pe. Bernd Hagenkord, perguntou-lhe se ficou surpreso com a decisão do Papa:

Cardeal Reinhard Marx:- "Fundamentalmente não fiquei surpreso, porque havíamos ouvido falar no pré-Conclave e inclusive pessoalmente eu tinha dito que seria necessário que se tivessem conselheiros provenientes das Igrejas locais e que era preciso refletir novamente sobre este ponto. Naturalmente, o tema da reforma da Cúria esteve presente e, portanto, a coisa em si não me surpreendeu, mas que isso me envolvesse pessoalmente e que se desse assim tão rápido, isso sim me surpreendeu um pouco."

RV: O que levou o Papa a nomeá-lo? Dependeu do fato de o senhor ser presidente da Comece, a Comissão dos Episcopados da Comunidade Européia?

Cardeal Reinhard Marx:- "Seria necessário perguntar ao Papa. Mas é clara a intenção de tornar o mundo inteiro presente, os vários continentes e também os representantes de diferentes organizações. Mas a referência não é feita estreitamente às Conferências episcopais ou a seus presidentes. O Papa é livre e decidiu livremente. É possível que o meu papel no âmbito da Comece tenha influenciado, mas também outros aspectos. Em todo caso, foram convocados bispos de grandes dioceses, que, portanto, têm uma consolidada experiência de administração. Certamente este é um elemento: representar a multiplicidade das Igrejas locais e dos continentes, e também incluir bispos que talvez, graça à sua responsabilidade pastoral, já têm uma certa experiência."

RV: Os cardeais que fazem parte deste grupo provêm de todos os continentes: significa que a Igreja espalhada no mundo inteiro se faz conselheira do Papa?

Cardeal Reinhard Marx:- "Creio que sim. Tivemos um pouco a sensação – eu ao menos a tive e inclusive falei com alguém – que, após o Conclave, voltando para as nossas dioceses, deixamos o Papa sozinho. É claro, "sozinho" não é totalmente exato, porque naturalmente existem muitos colaboradores e colaboradoras que o aconselham e ajudam-no. Mas me dizia: somos cardeais, o elegemos, e devemos agora estar prontos para ajudá-lo. Porém, não tinha em mente que isso se tornasse assim concreto. Todavia, isso é lógico quando se tem um encargo como o cardinalato e se participa do Conclave: isto é, estar prontos para ajudar o Papa, se o desejar; ser-lhe conselheiro, se o quiser. Naturalmente isso, de certo modo, me honra. Mas é também um sinal que ele pretende que este grupo tenha um alcance universal. A meu ver, este é um sinal positivo."

RV: No grupo dos oito cardeais os senhores já se conhecem bem todos?

Cardeal Reinhard Marx:- "Não todos da mesma forma. Conheço o cardeal de Kinshasa de há muitos anos. Outros conheci durante o Conclave. Conheço o Cardeal Rodríguez Maradiaga após muitos encontros no âmbito do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. Conhecemo-nos pessoalmente, uns mais outros menos. Não somos um círculo propriamente dito, que se encontra há tempos ou que já está em contato há muito tempo. Graças ao Conclave nos encontramos, considero, de modo novo."

RV: Em 1º de outubro se realizará o primeiro encontro do grupo: o que acontecerá antes desta data?

Cardeal Reinhard Marx:- "Efetivamente, devo esperar, não tenho ulteriores informações sobre o que acontecerá até aquela data. Seguramente se deverá refletir, definir o projeto mais cuidadosamente, mas ainda não foi feito isso. Neste momento o Papa disse a toda a Igreja: desejo ter estes conselheiros, desejo que se faça uma reforma da Cúria, faço votos de que nisto seja envolvida a Igreja no mundo inteiro. Desse modo também as relações recíprocas entre a Cúria em Roma e as Igrejas locais são vistas de modo novo. Considero isso um sinal, mas ainda não se pensou em passos ulteriores."

RV: Quais são as suas impressões sobre este Papa à distância de pouco mais de um mês de sua eleição?

Cardeal Reinhard Marx:- "Estou cada vez mais convencido de que foi Deus quem nos deu este Papa. Após a sua eleição estávamos talvez nós mesmos impressionados com tudo aquilo que tínhamos vivido durante os dois dias de Conclave. Depois nos perguntávamos o que haveria de acontecer. Mas estávamos todos convencidos de que era um sinal do Espírito Santo. Agora, após as primeiras semanas de Pontificado, gostaria de dizer que esse convencimento foi confirmado e que foi realmente assim. Todos sentimos isso do mesmo modo, inclusive nos encontros nas paróquias há muito otimismo e uma grande expectativa – às vezes até mesmo excessiva, porque um Papa não pode reinventar a Igreja –, mas se constata, em todos os lugares, um clima positivo e isso naturalmente me dá uma grande alegria." (RL)







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