Cidade do Vaticano (RV) - A 13 de Março de 2013 o cardeal Jorge Mario Bergoglio,
arcebispo de Buenos Aires, foi eleito Papa assumindo programaticamente – como ele
mesmo referiu aos jornalistas encontrando-se com eles três dias depois na Sala Paulo
VI – o nome de Francisco, o santo de Assis no qual pobreza, paz, conservação da criação
agem em uníssono num supremo testemunho de amor, «o desmedido amor do coração ateado»,
que Iacopone de Todi cantou nas laudes a ele dedicadas (40, vv. 155-156).
Primeiro
Papa americano, mesmo sendo os seus pais de origem italiana, e primeiro jesuíta entre
os sucessores do apóstolo Pedro, o novo bispo de Roma nasceu na capital argentina
a 17 de Dezembro de 1936. Noviço da Companhia de Jesus a 11 de Março de 1958, licenciado
em filosofia e teologia no colégio São José de São Miguel, a 13 de Dezembro de 1969
foi ordenado sacerdote por D. Ramón José Castellano, ex-arcebispo de Córdoba na Argentina,
emitindo a profissão perpétua na sua ordem a 22 de Abril de 1973. Professor de literatura
e psicologia, mestre dos noviços, provincial dos Jesuítas da Argentina, a 20 de Maio
de 1992 o padre Jorge Mario Bergoglio foi nomeado por João Paulo II bispo titular
de Auca e auxiliar da arquidiocese de Buenos Aires, tornando-se assim imediato colaborador
do arcebispo cardeal Antonio Quarracino, do qual recebeu com a consagração episcopal
a plenitude da ordem a 27 de Junho do mesmo ano.
O Papa Bergoglio com a maior
parte dos seus predecessores que se sucederam dos séculos XVIII a XXI na cátedra de
Pedro (de Clemente XI a Bento XVI), partilha a mesma família genealógica episcopal,
cujo primeiro elo foi constituído pelo cardeal Scipione Rebiba, eleito a 16 de Março
de 1541 e no mesmo ano consagrado bispo titular de Amicle, auxiliar do arcebispo de
Chieti, Gian Pietro Carafa, o futuro Papa Paulo IV, que o criou cardeal a 20 de Dezembro
de 1555.
Em particular o Papa Francisco partilha com os Pontífices em cujos
anos de governo viveu, com excepção unicamente de Pio XI – de 1936 a 2013 – a mesma
descendência episcopal, a do cardeal Paluzzi Altieri dos Albertoni (consagrado bispo
a 2 de Maio de 1666), do qual recebeu a ordenação episcopal o futuro papa Bento XIII
(3 de Fevereiro de 1675), que por sua vez consagrou o futuro Bento XIV (16 de Julho
de 1724), pelo qual foi por fim consagrado bispo aquele que depois iria ser Clemente
XIII (19 de Março de 1743).
Partindo de Rebiba e chegando a este último a genealogia
episcopal do Papa Francisco é idêntica à de Pio XII, Paulo VI e João Paulo II; com
João XXIII e João Paulo I a partilha dos ascendentes vai além, até ao cardeal Pietro
Francesco Galleffi, consagrado bispo a 12 de Setembro de 1819; por fim, com Bento
XVI a comum descendência episcopal inclui mais um elo, o cardeal Giacomo Filippo Fransoni
consagrado por Galleffi a 8 de Dezembro de 1822. Por Fransoni foram depois ordenados
bispos Antonio Saverio De Luca (8 de Dezembro de 1845) e Carlo Sacconi (8 de Junho
de 1851), futuros cardeais, aos quais, depois do elo comum constituído por Fransoni,
dependem os ramos respectivamente da descendência episcopal de Bento XVI (de De Luca
[1805-1883] a Josef Stangl, bispo de Würzburg [1907-1979]), e do Papa Francisco (de
Sacconi a Quarracino).